Notícia
Rishi Sunak promete "unir" e "corrigir erros" de Truss mas tem mais desafios pela frente
Rishi Sunak tomou posse esta terça-feira como novo primeiro-ministro do Reino Unido. Pela frente, terá um país à beira da recessão, com uma inflação acima dos dois dígitos e pressionado a cumprir acordos pós-Brexit. E terá ainda de restabelecer a credibilidade do país, depois do caos deixado por Liz Truss.
O novo primeiro-ministro do Reino Unido, que tomou posse esta terça-feira, promete "estabilidade e união" aos britânicos. Mas são vários os desafios que Rishi Sunak terá pela frente, a começar pela ameaça de recessão no país e a elevada inflação, a que se juntam a crise energética, as divisões internas e a consolidação do Brexit.
No primeiro discurso ao país como novo governante, Rishi Sunak reconheceu que foram cometidos "erros" por parte da sua antecessora Liz Truss, mas salientou, numa tentativa de conciliar o partido, que o caos gerado "não nasceu de má vontade ou más intenções" e que está comprometido a "corrigir esses erros". "Vamos criar um futuro melhor pelos sacríficos que muitos fizeram. Vamos encher o amanhã de esperança", prometeu.
Assegurou ainda que irá trabalhar para "preparar o país para o futuro" e "unir o país em ações e não em palavras", colocando as necessidades dos britânicos acima da política. "Juntos atingiremos coisas fantásticas", disse.
Ainda antes de ser confirmado pelo rei Carlos III como novo primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak conseguiu com a eleição para a liderança do Partido Conservador acalmar os investidores, depois de a antecessor, Liz Truss, e o seu ambicioso plano económico terem provocado turbulência nos mercados. A bolsa de Londres voltou a negociar no "verde", os juros da dívida britânica aliviaram e a libra a reconquistou terreno face ao dólar.
Mas esse é apenas o primeiro teste pelo qual terá de passar o novo ocupante do número 10 de Downing Street, tendo em conta que o país não tem estado imune ao impacto da guerra na Ucrânia.
Uma economia debaixo de fogo
No plano económico, Rishi Sunak irá tomar posse de um Reino Unido que pode já estar em recessão. O Banco de Inglaterra estima que, no terceiro trimestre deste ano, a economia britânica tenha contraído 0,1%, após ter caído 0,1% no segundo trimestre. Os números mais recentes apontam também para um recuo nas vendas do retalho e um recuo da atividade no setor privado em outubro.
Enquanto isso, a inflação continua a acima de dois dígitos e o custo de vida tem-se agravado. Os salários e pensões não estão a acompanhar a subida generalizada dos preços, o que faz com que as famílias estejam a perder poder de compra e tenham menos margem de manobra para lidar com a atual crise.
Os economistas da Bloomberg alertam, por isso, que Rishi Sunak precisará de "agir com cuidado" no que toca a medidas fiscais para "evitar detonar outra reação dramática" nos mercados, como aconteceu quando Liz Truss anunciou vários cortes de impostos e novos apoios às famílias e empresas, que levariam a um aumento significativo do endividamento do país. A reação negativa dos mercados a esse plano foi suficiente para agravar o custo de financiamento do Estado, mas também das famílias e empresas.
Rishi Sunak terá ainda de ter em conta que, se os preços não caírem entretanto, deverá ser encontrada uma alternativa ao pacote de apoios às famílias e empresas, que terminará em abril. Isto porque as faturas das famílias com a energia poderá duplicar, pressionando ainda mais os rendimentos e o consumo, numa altura em que a economia britânica está sob ameaça de recessão.
Uma mão cheia de dores de cabeça a herdar
A juntar-se a estas dificuldades, Rishi Sunak terá ainda de procurar dar resposta à degradação dos serviços públicos, em especial na saúde, e ao abrandamento do mercado imobiliário, com a noção de que as medidas que adotar serão acompanhadas ao milímetro a nível nacional e não só, tendo em conta os danos provocados pelos ziguezagues do Governo de Liz Truss no que à credibilidade do país diz respeito.
A redução da sobretaxa bancária de 8% para 3%, introduzida por Liz Truss e que foi mantida pelo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, quando reviu o plano, é outra questão que Rishi Sunak terá de esclarecer. Numa altura de contenção de custos, a perda de receita arrecadada com essa taxa é vista com maus olhos por grande parte dos britânicos, enquanto os bancos defendem que o corte é necessário para manter Londres competitiva face a outros centros financeiros.
O Brexit continua também a ser "uma pedra no sapato" do Partido Conservador. O novo primeiro-ministro será pressionado a cumprir os novos acordos comerciais com a Europa e resolver a discórdia em relação ao protocolo da Irlanda, que elimina a necessidade de uma fronteira física com a República da Irlanda, mantendo a região no mercado único europeu.
Dentro do Partido Conservador, Rishi Sunak terá também a tarefa de unir os conservadores que estão divididos por lutas internas e profundas diferenças ideológicas, com alguns apoiantes de Boris Johnson a culparem o novo primeiro-ministro pela queda do anterior líder. A sua agenda política deverá ser ainda capaz de garantir a reconstrução de pontes no partido a tempo de concorrer contra os trabalhistas nas próximas eleições de 2024.
No primeiro discurso ao país como novo governante, Rishi Sunak reconheceu que foram cometidos "erros" por parte da sua antecessora Liz Truss, mas salientou, numa tentativa de conciliar o partido, que o caos gerado "não nasceu de má vontade ou más intenções" e que está comprometido a "corrigir esses erros". "Vamos criar um futuro melhor pelos sacríficos que muitos fizeram. Vamos encher o amanhã de esperança", prometeu.
Ainda antes de ser confirmado pelo rei Carlos III como novo primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak conseguiu com a eleição para a liderança do Partido Conservador acalmar os investidores, depois de a antecessor, Liz Truss, e o seu ambicioso plano económico terem provocado turbulência nos mercados. A bolsa de Londres voltou a negociar no "verde", os juros da dívida britânica aliviaram e a libra a reconquistou terreno face ao dólar.
Mas esse é apenas o primeiro teste pelo qual terá de passar o novo ocupante do número 10 de Downing Street, tendo em conta que o país não tem estado imune ao impacto da guerra na Ucrânia.
Uma economia debaixo de fogo
No plano económico, Rishi Sunak irá tomar posse de um Reino Unido que pode já estar em recessão. O Banco de Inglaterra estima que, no terceiro trimestre deste ano, a economia britânica tenha contraído 0,1%, após ter caído 0,1% no segundo trimestre. Os números mais recentes apontam também para um recuo nas vendas do retalho e um recuo da atividade no setor privado em outubro.
Enquanto isso, a inflação continua a acima de dois dígitos e o custo de vida tem-se agravado. Os salários e pensões não estão a acompanhar a subida generalizada dos preços, o que faz com que as famílias estejam a perder poder de compra e tenham menos margem de manobra para lidar com a atual crise.
Os economistas da Bloomberg alertam, por isso, que Rishi Sunak precisará de "agir com cuidado" no que toca a medidas fiscais para "evitar detonar outra reação dramática" nos mercados, como aconteceu quando Liz Truss anunciou vários cortes de impostos e novos apoios às famílias e empresas, que levariam a um aumento significativo do endividamento do país. A reação negativa dos mercados a esse plano foi suficiente para agravar o custo de financiamento do Estado, mas também das famílias e empresas.
Rishi Sunak terá ainda de ter em conta que, se os preços não caírem entretanto, deverá ser encontrada uma alternativa ao pacote de apoios às famílias e empresas, que terminará em abril. Isto porque as faturas das famílias com a energia poderá duplicar, pressionando ainda mais os rendimentos e o consumo, numa altura em que a economia britânica está sob ameaça de recessão.
Uma mão cheia de dores de cabeça a herdar
A juntar-se a estas dificuldades, Rishi Sunak terá ainda de procurar dar resposta à degradação dos serviços públicos, em especial na saúde, e ao abrandamento do mercado imobiliário, com a noção de que as medidas que adotar serão acompanhadas ao milímetro a nível nacional e não só, tendo em conta os danos provocados pelos ziguezagues do Governo de Liz Truss no que à credibilidade do país diz respeito.
A redução da sobretaxa bancária de 8% para 3%, introduzida por Liz Truss e que foi mantida pelo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, quando reviu o plano, é outra questão que Rishi Sunak terá de esclarecer. Numa altura de contenção de custos, a perda de receita arrecadada com essa taxa é vista com maus olhos por grande parte dos britânicos, enquanto os bancos defendem que o corte é necessário para manter Londres competitiva face a outros centros financeiros.
O Brexit continua também a ser "uma pedra no sapato" do Partido Conservador. O novo primeiro-ministro será pressionado a cumprir os novos acordos comerciais com a Europa e resolver a discórdia em relação ao protocolo da Irlanda, que elimina a necessidade de uma fronteira física com a República da Irlanda, mantendo a região no mercado único europeu.
Dentro do Partido Conservador, Rishi Sunak terá também a tarefa de unir os conservadores que estão divididos por lutas internas e profundas diferenças ideológicas, com alguns apoiantes de Boris Johnson a culparem o novo primeiro-ministro pela queda do anterior líder. A sua agenda política deverá ser ainda capaz de garantir a reconstrução de pontes no partido a tempo de concorrer contra os trabalhistas nas próximas eleições de 2024.