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União Europeia quer esperar por negociações de paz entre Kiev e Moscovo e adia sanções

Os parceiros europeus aprovaram novas sanções, mas a entrada em vigor está dependente das conversações de paz. Dos 28 estados da UE, bloco de 10 países mostrou-se reticente em aumentar o grau de restrições à Rússia. No total, as sanções já custaram 21 mil milhões de euros aos países europeus.

Bloomberg
09 de Fevereiro de 2015 às 17:53
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A União Europeia adiou a entrada em vigor de novas sanções contra a Rússia. Os parceiros europeus aprovaram restrições de viagens e o congelamento de bens a mais separatistas ucranianos e russos. Contudo, os parceiros europeus vão esperar até o dia 16 de Fevereiro antes de darem luz verde a estas sanções.

 

A decisão foi tomada pelos ministros dos negócios estrangeiros europeus reunidos em Bruxelas esta segunda-feira, 9 de Fevereiro.

 

É que os parceiros europeus querem esperar pelas negociações de paz que vão ter lugar na quarta-feira, 11 de Fevereiro, em Minsk, capital da Bielorússia. As restrições contra 19 pessoas e nove organizações ficam assim adiadas até a próxima segunda-feira.

 

"O princípio destas sanções permanece, mas a implementação vai depender de resultados no terreno", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês esta segunda-feira, 9 de Fevereiro, em Bruxelas, citado pela Reuters.

 

O agravar das sanções está longe de ser um tema consensual na Europa. Na reunião de hoje, vários países demonstraram a sua relutância em aprovar mais sanções, como a Áustria, Chipre, República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Luxemburgo, Eslováquia e Eslovénia.

 

Espanha, por seu turno, fez as contas aos prejuízos que as sanções tiveram até agora nos países europeus. "As sanções tiveram um custo pesado para todos nós. A União Europeia perdeu até agora 21 mil milhões de euros. Em Espanha fomos gravemente atingidos em termos de agricultura e turismo", disse o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Garcia-Margallo, citado pela Reuters.

 

Angela Merkel recusa fornecimento de armas à Ucrânia

 

O adiar da entrada em vigor das sanções acontece no dia em que Angela Merkel está de visita aos Estados Unidos. A chanceler reúne-se hoje com o presidente Barack Obama na Casa Branca, e a situação no leste da Ucrânia vai estar em cima da mesa.

 

Nos Estados Unidos crescem o número de vozes a pedir o envio de armas para a Ucrânia para travar os avanços dos independentistas no leste do país. Uma delas foi a do senador republicano John McCain. "Os ucranianos estão a ser massacrados e estamos a enviar-lhes cobertores e refeições. Os cobertores não se dão bem contra tanques russos", afirmou, durante a conferência realizada em Munique este fim de semana.

 

Mas Angela Merkel rejeita esta retórica inflamada e considera que uma corrida às armas não vai ajudar a travar o conflito. "Eu compreendo o debate, mas mais armas não vão ajudar a levar a Ucrânia até onde ela precisa de ir. Eu duvido disso", disse a chanceler durante a conferência de Munique.

 

Por agora, dificilmente Barack Obama vai optar por fornecer armas ao exército ucraniano, mas vários conselheiros do presidente favorecem esta abordagem para o país.

 

O fornecimento de armas a Kiev só teria lugar após "consulta e em coordenação com os nossos parceiros, cuja unidade connosco em relação a este assunto até agora tem sido um elemento da nossa força em resposta à agressão russa", disse Susan Rice, uma das conselheiras para a segurança do presidente. 

 

François Hollande veio a público pedir uma "forte" autonomia para as regiões de Donetsk e Lugansk em relação a Kiev. "Estas pessoas estão em guerra. Vai ser difícil para elas partilharem uma vida comum", afirmou em Munique.

 

Kiev, Moscovo, Berlim e Paris estão a agora a negociar a criação de uma zona desmilitarizada com uma largura de 50 a 70 quilómetros para cada lado da linha que actualmente divide as zonas controladas pelas forças governamentais e pelos independentistas.

 

Kiev e Moscovo trocam acusações

  

Entretanto, os conflitos continuam na Ucrânia. Nas últimas 24 horas morreram sete civis e nove soldados ucranianos em combates na vila de Debaltseve, a nordeste da cidade de Donetsk, no leste do país. Desde o início do conflito em Abril que já morreram mais de 5300 pessoas.

 

As acusações continuam a multiplicar-se entre os dois lados. Kiev disse que 1500 soldados russos – armados com artilharia - entraram no país no fim de semana. Já Moscovo acusa a Ucrânia de estar a equipar-se para preparar-se para a guerra.

 

"A Ucrânia está a militarizar-se rapidamente. Podemos julga-lo pelas estatísticas: em 2014, o orçamento militar ucraniano aumentou quase 41%. Este ano, vai mais do que triplicar e alcançar mais de três mil milhões – quase 5% do PIB do país", disse Vladimir Putin em entrevista ao jornal egípcio Al-Ahram.

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