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Tusk destaca "equilíbrio de género perfeito" nas escolhas para cargos da UE
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, defendeu hoje perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, as escolhas feitas pelos líderes dos 28 para os cargos de topo da União Europeia e apelou a um envolvimento dos Verdes no processo de decisão.
Lagarde, presidente do BCE
Lagarde foi a primeira mulher a assumir a pasta das finanças de um governo francês, foi a primeira mulher a liderar o Fundo Monetário Internacional e agora vai ser também a primeira mulher à frente do Banco Central Europeu. Em 2011, em plena crise da dívida soberana da Europa e já com a Irlanda e a Grécia com programas de assistência financeira, substituiu Dominique Strauss-Kahn, depois de o francês ter sido preso num hotel em Nova Iorque, devido à alegada violação de uma empregada. Lagarde saiu do governo francês de Sarkozy para Washington, tendo o seu mandato sido renovado em 2016. Já não vai cumprir o segundo, que terminava em 2021, pois foi a escolhida pelos líderes europeus para substituir Mario Draghi à frente da presidência do BCE. Será também a primeira mulher a liderar a autoridade monetária europeia, uma instituição que tem tido dificuldades em preencher os cargos de topo com mulheres (existem apenas duas no conselho). Lagarde será também a primeira pessoa que não é economista a liderar a autoridade monetária da Zona Euro. A ausência de experiência na política monetária será um dos seus pontos fracos, mas tem a favor a larga experiência na economia europeia, que continua a precisar dos estímulos monetários para contrariar o período de abrandamento. Presença constante na lista da Forbes das 10 mulheres mais influentes do mundo, Lagarde é uma acérrima defensora do aumento do poder feminino nas principais instituições mundiais. Ficou célebre uma frase que disse no pico da crise financeira: "Se fosse uma Lehman Sisters em vez de uma Lehman Brothers, o mundo poderia ser hoje muito diferente".
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
A candidata à liderança da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem 60 anos e é ministra da Defesa da Alemanha e chegou a ser apontada como delfim da chanceler Angela Merkel e sua potencial sucessora na liderança da CDU. Nascida na Bélgica a 8 de outubro de 1958, cresceu com cinco irmãos e uma irmã. Casada com um médico, manteve a tradição de uma família grande, tem sete filhos. Formou-se em Economia e em Medicina, viveu na Califórnia (EUA) e regressou depois à Alemanha em finais da década de 1990. Entre 2009 e 2013, foi ministra do Trabalho e da Solidariedade.
Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu
Com 43 anos, o belga Charles Michel foi o nomeado para suceder a Donald Tusk na liderança do Conselho Europeu. Nascido a 21 de dezembro de 1975, é primeiro-ministro interino da Bélgica desde outubro de 2014 e lidera o Movimento Reformador. A ficar com o cargo, será o segundo belga a assumir estas funções, depois de Herman Van Rompuy ter ocupado o cargo em 2007. A sua carreira política tem observado uma ascensão meteórica e com 25 anos já era ministro da Cooperação para o Desenvolvimento, tendo depois chegado à chefia do governo aos 38 anos. Fluente em holandês, "uma qualidade rara entre os políticos francófonos", como sublinha a France24, estudou Direito em Bruxelas e Amesterdão, tendo-se formado como advogado em 1995.
Josep Borrell, Alto Representante da UE para a Política Externa
Josep Borrell Fontelles, atual ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha (corresponde ao ministro dos Negócios Estrangeiros em Portugal), é o candidato a Alto Representante da UE para a Política Externa. Entre 2004 e 2007 presidiu ao Parlamento Europeu, e em Espanha foi também ministro, em dois mandatos diferentes, das Obras Públicas e Transportes. Com 72 anos feitos a 24 de abril, cresceu em La Pobla de Segur, onde o seu pai possuía uma pequena padaria. Começou por estudar contabilidade industrial em Barcelona, mas largou o curso para seguir engenharia aeronáutica na Universidade Técnica de Madrid. Membro do PSOE, Borrell também exerceu funções no Ministério espanhol da Economia, onde teve a seu cargo o pelouro da política orçamental.
David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu
Aos 63 anos de idade, David Sassoli é o candidato dos Socialistas & Democratas à presidência do Parlamento Europeu. Depois de ainda muito jovem ter iniciado a carreira como jornalista, tendo passado pelo Il Giorno e pela Tg3. Também trabalhou na Rai Uno (e Rai Due) e na TG1, estação da qual foi diretor a partir de 2007.
Membro do Partido Democratico (PD, centro-esquerda) foi pela primeira vez eleito como eurodeputado nas europeias de 2009 para chefiar a delegação do partido. Reeleito em 2014, assumiu uma das 14 vice-presidências do Parlamento Europeu e tutelou a pasta da política do Mediterrâneo e orçamento.
Durante a juventude participou em diversos movimentos de jovens católicos.
Naquele que é o primeiro debate da nova legislatura (2019-2024) e tendo como tema central as últimas cimeiras realizadas em Bruxelas, Tusk destacou o envolvimento do Parlamento Europeu no processo de escolhas dos novos líderes europeus, que considerou "boas escolhas", e disse que a discussão sobre qual a instituição que tem mais legitimidade democrática não faz sentido.
"Para alguns, o Parlamento representa a genuína democracia europeia, dado os seus membros serem diretamente eleitos, enquanto para outros é o Conselho Europeu, dada a forte legitimidade democrática dos líderes. Na verdade, estas disputas não fazem sentido, porque ambas as instituições são democráticas. No fim, temos que nos respeitar mutuamente e cooperar", declarou, acrescentando que foi por isso que, no processo de conversações, se encontrou com representantes dos grupos políticos da assembleia "muitas vezes".
Manifestando-se "feliz e orgulhoso" por, "pela primeira vez na história, o Conselho Europeu ter nomeado duas mulheres e dois homens para liderar as instituições-chave" da UE, alcançando "o equilíbrio de género perfeito", Tusk apelou a um envolvimento dos Verdes, a quarta maior família política, no processo de decisão europeu.
"Durante o processo de nomeações, estive em contacto próximo com a liderança dos Verdes, em particular com Ska Keller e Philippe Lambert. Acredito profundamente que a cooperação com os Verdes e a sua presença nos corpos de decisão da UE beneficiarão não só a coligação governativa como a Europa como um todo. Por isso, apelo a todos os meus parceiros para envolverem os Verdes nas negociações, ainda que não haja nenhum líder no Conselho deste partido", afirmou.
"Espero que a recém-designada (presidente da Comissão) Ursula von der Leyen também oiça o meu apelo, e, de resto, vou passar-lhe diretamente esta mensagem ainda hoje", disse.
Apesar de, na quarta-feira, o Parlamento Europeu ter elegido o seu novo presidente, o socialista italiano David Sassoli, respeitando o compromisso alcançado pelo Conselho Europeu na terça-feira -- que contemplava a eleição, para a primeira metade da legislatura, de um socialista, seguido de uma personalidade do PPE -, os eurodeputados das diferentes bancadas, incluindo os Verdes, estão profundamente descontentes por os líderes dos 28 terem ignorado o modelo do 'spitzenkandidat' na designação de Ursula von der Leyen para presidente da Comissão.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia chegaram a acordo na terça-feira sobre as nomeações para os cargos institucionais de topo, indicando a atual ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, para a presidência da Comissão Europeia.
Além da nomeação de Von der Leyen, que terá que ser confirmada pelo Parlamento Europeu, os líderes dos Estados membros indicaram ainda o primeiro-ministro belga em funções, o liberal Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, o socialista Josep Borrell, como Alto Representante da UE para a Política Externa, e ainda a francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu.