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Sondagem mostra França dividida no apoio ao "reformista" Macron

Quase um ano após a eleição, as políticas económicas do presidente ainda deixam os franceses de pé atrás, sobretudo os menos abastados. A abertura à sociedade civil e a actuação no palco internacional merecem aplausos.

Reuters
19 de Abril de 2018 às 13:23
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"Uma má escolha". É assim que 52% dos franceses classificam a eleição de Emmanuel Macron, um ano depois da chegada do centrista ao Palácio do Eliseu. O jornal Les Echos, que esta quinta-feira, 19 de Abril, divulga o inquérito Elabe-Wavestone, fala numa França "cortada em dois" e onde predomina o cepticismo quanto à "amplitude e eficácia" das alterações feitas desde que chegou ao poder.

 

Numa altura em que o Governo acaba de rever em alta a previsão de crescimento económico para este ano (2%), depois de ter superado a meta do défice em 2017, o estudo de opinião evidencia que a maior fatia do apoio ao Presidente vem do eleitorado que assume "conseguir facilmente fazer face às despesas" no final do mês. E se a sua política económica e de emprego tem o aval de 61% dos gestores e profissionais intelectuais superiores, no caso dos operários diminui para 36%.

 

Apesar da melhoria da conjuntura económica, com o desemprego a cair para o nível mais baixo desde 2009, 58% duvida que Macron vá melhorar a "situação do país". Pior: oito em cada dez não acalentam a esperança de melhorar a sua "situação pessoal" durante o mandato iniciado em Maio de 2017, quando o protagonista do movimento Em Marcha venceu com 66% dos votos, o segundo melhor resultado de sempre numa segunda volta presidencial – só superado pelos 82% da frente republicana liderada por Jacques Chirac, em 2002, contra a extrema-direita de Jean-Marie Le Pen.

 

Metade dos franceses qualificam a política de Macron como "injusta" e mais de 60% acham que ela "divide a sociedade". E quanto à histórica promessa feita no lançamento da candidatura de que iria "libertar as energias" da França e ao mesmo tempo "proteger os mais frágeis", mais de metade conclui agora que não fez uma coisa nem a outra. "Arrogante" e "distante das pessoas" são outras percepções.

 

Reformador com "asas" internacionais

 

Ainda assim, independentemente da classe social ou profissional e do apoio que lhe é conferido, o homem que em Março apresentou um ambicioso plano de investimento de 1.500 milhões de euros para tornar a França líder mundial na Inteligência Artificial mantém intacto o perfil de "reformador" com que foi eleito, sendo assim classificado por 69% dos inquiridos. A maioria dos gauleses acredita também que ele tem "um projecto global" para o país.

 

Aliás, é sobretudo pela abertura do Executivo à sociedade civil e pela actuação na cena internacional que chegam os maiores aplausos para o chefe de Estado, que ainda esta semana propôs em Estrasburgo a reforma da União Económica e Monetária até ao final da legislatura e defendeu a criação de novos recursos próprios para reforçar o orçamento comunitário.

 



O voluntarismo externo de Macron, que participou com EUA e Reino Unido nos recentes bombardeamentos na Síria e tem mantido reuniões de trabalho regulares com a chanceler alemã Angela Merkel – ainda esta manhã voltaram a dar uma conferência de imprensa conjunta – acabou por provocar até um puxão de orelhas de Jean-Claude Juncker, com o presidente da Comissão a lembrar a Macron que a União Europeia não se resume ao eixo franco-alemão.

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