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Primeiro-ministro irlandês: "Não queremos ser como Portugal"

É a apontar para o caso português que o primeiro-ministro irlandês faz campanha para renovar o seu mandato. As eleições são a 26 de Fevereiro.

Negócios 14 de Fevereiro de 2016 às 17:42
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Desta vez foi o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, que usou Portugal para alertar para o que acredita ser o perigo da instabilidade. A Irlanda terá eleições a 26 de Fevereiro.

Citado pela Bloomberg, Enda Kenny diz que Portugal está a pagar um preço "horrendo" pela instabilidade política, a propósito da subida da taxa de juro na dívida pública a 10 anos que ultrapassou os 4% na última semana. "Não queremos ser como Portugal", terá declarado.

E, por isso, acrescentou: a recuperação económica irlandesa "não deve ser tomada como garantida", disse aos jornalistas em Dublin este domingo, 14 de Fevereiro, acrescentando que a coligação irlandesa, que governa o país, "é clara e estável". A economia irlandesa cresceu, no terceiro trimestre (ainda não há dados do quarto período), 6,8% face ao trimestre homólogo.

A campanha eleitoral já arrancou na Irlanda e Kenny quer renovar o mandato para permanecer como primeiro-ministro. O seu partido Fine Gael (conservador-liberal) está coligado com o Partido Trabalhista, que, juntos, receberam 55% dos votos nas eleições de 2011.

A última sondagem da Red C para as eleições deste ano, de acordo com a Bloomberg, dá 36% dos votos a esta aliança, aquém dos 44% necessários para garantir a eleição, segundo estimativas do economista Philip O’ Sullivan, citado pela mesma agência. E Kenny já afastou "em qualquer circunstância" um cenário de aliança com o Fianna Fail, que na sondagem referida aparecia com 18%.

A legislatura de Enda Kenny foi marcada pela intervenção da troika. Aliás há já vários olhares sobre Irlanda, tendo em conta o que aconteceu em Portugal, mas também em Espanha que, embora não tenha sido resgatada financeiramente, sofreu uma crise económica. E o desfecho nas eleições tanto em Portugal como em Espanha acabou por ser o mesmo. Os partidos no poder - em Portugal liderado pelo PSD e em Espanha pelo PP - venceram as eleições, mas sem maioria. No caso português a coligação PSD-CDS acabou mesmo por cair, com a rejeição do seu programa de Governo, acabando António Costa, líder do PS, assumido a posição de primeiro-ministro. E Espanha ainda não tem Governo, estando agora nas mãos de Pedro Sánchez, líder do PSOE, garantir a aprovação da sua tentativa de investidura, depois da recusa de Rajoy.

Irlanda é, por estes dias, por isso, foco de vários olhares, até dos investidores. "As eleições de 2015 no sul da Europa produziram surpresas significativas e uma situação política confusa", assumiu, anteriormente, Jens Peter Sorensen, analista do Danske Bank. "As eleições na Irlanda podem produzir um resultado semelhante", contribuindo para uma volatilidade "de curto prazo" nas obrigações do tesouro do país. Na sexta-feira, as taxas de juro da dívida pública irlandesa, a 10 anos, estavam, no mercado secundário, a transaccionar a 1,037%.

O Fine Gael, partido do primeiro-ministro, lançou este domingo, 14 de Fevereiro, o seu manifesto eleitoral, no qual promete continuar o caminho da recuperação económica, com um plano no qual promete até 2022 - o ano do 100.º aniversário da nação - que haja condições na Irlanda para que haja disponibilidade de um emprego para quem queira um; promete, ainda, dar às famílias os apoios necessários para escaparem a uma situação de pobreza; permitir o regresso a pelo menos 70 mil pessoas que tiveram de sair do país por causa da crise; e dar a cada criança oportunidades iguais, asseguran-lhes saúde, educação e serviços familiares.

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