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Primeiro-ministro irlandês: "Não queremos ser como Portugal"
É a apontar para o caso português que o primeiro-ministro irlandês faz campanha para renovar o seu mandato. As eleições são a 26 de Fevereiro.
Desta vez foi o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, que usou Portugal para alertar para o que acredita ser o perigo da instabilidade. A Irlanda terá eleições a 26 de Fevereiro.
Citado pela Bloomberg, Enda Kenny diz que Portugal está a pagar um preço "horrendo" pela instabilidade política, a propósito da subida da taxa de juro na dívida pública a 10 anos que ultrapassou os 4% na última semana. "Não queremos ser como Portugal", terá declarado.
E, por isso, acrescentou: a recuperação económica irlandesa "não deve ser tomada como garantida", disse aos jornalistas em Dublin este domingo, 14 de Fevereiro, acrescentando que a coligação irlandesa, que governa o país, "é clara e estável". A economia irlandesa cresceu, no terceiro trimestre (ainda não há dados do quarto período), 6,8% face ao trimestre homólogo.
A campanha eleitoral já arrancou na Irlanda e Kenny quer renovar o mandato para permanecer como primeiro-ministro. O seu partido Fine Gael (conservador-liberal) está coligado com o Partido Trabalhista, que, juntos, receberam 55% dos votos nas eleições de 2011.
A última sondagem da Red C para as eleições deste ano, de acordo com a Bloomberg, dá 36% dos votos a esta aliança, aquém dos 44% necessários para garantir a eleição, segundo estimativas do economista Philip O’ Sullivan, citado pela mesma agência. E Kenny já afastou "em qualquer circunstância" um cenário de aliança com o Fianna Fail, que na sondagem referida aparecia com 18%.
A legislatura de Enda Kenny foi marcada pela intervenção da troika. Aliás há já vários olhares sobre Irlanda, tendo em conta o que aconteceu em Portugal, mas também em Espanha que, embora não tenha sido resgatada financeiramente, sofreu uma crise económica. E o desfecho nas eleições tanto em Portugal como em Espanha acabou por ser o mesmo. Os partidos no poder - em Portugal liderado pelo PSD e em Espanha pelo PP - venceram as eleições, mas sem maioria. No caso português a coligação PSD-CDS acabou mesmo por cair, com a rejeição do seu programa de Governo, acabando António Costa, líder do PS, assumido a posição de primeiro-ministro. E Espanha ainda não tem Governo, estando agora nas mãos de Pedro Sánchez, líder do PSOE, garantir a aprovação da sua tentativa de investidura, depois da recusa de Rajoy.
O Fine Gael, partido do primeiro-ministro, lançou este domingo, 14 de Fevereiro, o seu manifesto eleitoral, no qual promete continuar o caminho da recuperação económica, com um plano no qual promete até 2022 - o ano do 100.º aniversário da nação - que haja condições na Irlanda para que haja disponibilidade de um emprego para quem queira um; promete, ainda, dar às famílias os apoios necessários para escaparem a uma situação de pobreza; permitir o regresso a pelo menos 70 mil pessoas que tiveram de sair do país por causa da crise; e dar a cada criança oportunidades iguais, asseguran-lhes saúde, educação e serviços familiares.