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Pedro Sánchez falha segunda tentativa de investidura

Nem o PP nem o Podemos mudaram de posição, fazendo com que falhasse a segunda tentativa de investidura como primeiro-ministro de Pedro Sánchez. É a primeira vez na história que um candidato não consegue ser investido.

Reuters
04 de Março de 2016 às 20:12
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Pela primeira vez na história da democracia espanhola, a investidura de um candidato a primeiro-ministro foi votada ao insucesso. Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, voltou a não conseguir ser investido como chefe de Governo, tendo sido rejeitado praticamente com a mesma votação de há dois dias. 

Esta sexta-feira, 4 de Março, numa votação em que necessitava obter o apoio de uma maioria simples (mais votos favoráveis do que desfavoráveis) dos 350 deputados que compõem o Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da República), Sánchez não foi além dos 131 votos a favor, ou seja, teve apenas os votos do PSOE (90), do Cidadãos (40) e da deputada da Coligação Canária, que na primeira votação se tinha abstido.

 

Entre os 219 contrários à investidura do líder socialista contam-se os deputados do PP e do Podemos, que assim mantiveram a recusa de apoio a um Governo liderado por Pedro Sánchez e que assentava no "acordo de legislatura" firmado pelo PSOE e pelo Cidadãos de Albert Rivera. A única diferença entre a primeira votação, realizada na quarta-feira, e a desta sexta-feira foi mesmo a alteração do voto da deputada da Coligação Canária. 

Não resultaram os apelos feitos nos últimos dias por Sánchez e Rivera. O líder socialista tinha insistido no apelo a votos pela "mudança" que permitissem retirar do poder a Mariano Rajoy, presidente do PP e primeiro-ministro ainda em funções. Já Albert Rivera tinha solicitado aos parlamentares do PP que votassem em oposição às directivas do partido e viabilizassem, através da abstenção, um Executivo assente no programa acordado entre o PSOE e o Cidadãos.

 

Foi mais um dia tenso no Congresso presidido pelo socialista Patxi López, que teve de voltar a interromper por diversas vezes as múltiplas intervenções feitas. Apupos e acusações no limiar do insulto voltaram a marcar a sessão plenária. Num dos momentos de maior tensão, Pedro Sánchez apontou a mira ao Podemos e ao seu secretário-geral, Pablo Iglesias. "O senhor Iglesias atraiçoou os eleitores que votaram nele por um Governo de mudança", proclamou já depois de concluída a votação que fez do líder do PSOE o primeiro político espanhol a apresentar-se à investidura e a não conseguir chegar à chefia do Governo. Um facto inédito.

Pelo menos para já. Porque agora é tempo de as conversações tendo em vista a formação de Governo serem retomadas. E Sánchez já garantiu que tudo fará para substituir Rajoy no leme do reino espanhol. Contudo, há que ressalvar que na quinta-feira, PP e Podemos informaram que, depois de concretizada a antecipada rejeição à investidura de Sánchez, iriam reiniciar contactos com os socialistas. "Vou continuar a trabalhar para alcançar a maioria que o país necessita para ter, com urgência, o Governo que merecem os espanhóis e espanholas, que é um Governo de mudança", proclamou Pedro Sánchez.

No voy a resignarme a que Rajoy siga siendo el presidente del Gobierno. Por mí no va a quedar. #SesiónDeInvestidura pic.twitter.com/VZnHvKVCVl

— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) 4 de março de 2016

Novas eleições?

Uma coisa parece certa: nunca a realização de novas eleições gerais esteve tão próxima. Dificilmente os 60 dias que começaram a contar na passada quarta-feira, período findo o qual se não houver acordo para uma solução governativa o rei Felipe VI é obrigado a dissolver as cortes e a agendar novo acto eleitoral, permitirá conciliar posições aparentemente inconciliáveis.

 

O Podemos recusa participar de qualquer solução que inclua o Cidadãos. A via definida por Pablo Iglesias passa por retomar as conversações a quatro com a Esquerda Unida, o PSOE e o Compromís tendo em vista um Governo das esquerdas. No entanto, para garantir a investidura com base neste pacto Sánchez precisaria de garantir o apoio de forças independentistas, algo que o próprio rejeita.

 

Por outro lado, o PP e Rajoy mantêm a pretensão de negociar uma grande aliança com o PSOE e o Cidadãos. Só que se Sánchez já havia colocado de parte um pacto com os populares, os últimos dias de debate parecem ter afastado ainda mais Rivera e Rajoy, com o líder do Cidadãos a garantir que sob a liderança do ainda primeiro-ministro o PP nunca poderá distanciar-se das práticas de corrupção a que o partido é associado . 

Albert Rivera colocou no mesmo saco o Podemos e o PP. "Hoje votam juntos aqueles que querem dividir Espanha e aqueles que não querem mudar nada", referindo-se ao PP e ao Podemos, respectivamente. Rivera concluiria que "hoje ambos os extremos desta câmara bloquearam a legislatura".

.@Albert_Rivera "Hoy votan juntos los que quieren romper España y los que no quieren cambiar nada" pic.twitter.com/B0c0BmSobO

— Ciudadanos (@CiudadanosCs) 4 de março de 2016

O discurso de Rivera surge alinhado com o de Sánchez, que também disse sentir "na alma que não há Governo devido ao bloqueio do PP e do Podemos". Já Mariano Rajoy, que acusou Sánchez de corrupção, "porque aproveitar-se das instituições é corrupção", garantindo que aproveitou a responsabilidade de formar Governo recebida do monarca espanhol para sobreviver na liderança do PSOE, atira: "A festa terminou". Tem agora a palavra o rei, Felipe VI, que decidirá quem (se alguém) será a seguir incumbido com a responsabilidade de se apresentar no Congresso para tentar ser investido primeiro-ministro.

(Notícia actualizada às 21:00)

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