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FMI tem "bom augúrio" para a Grécia apesar de "inúmeros desafios a superar"
O Fundo Monetário Internacional tece elogios ao percurso de Atenas, mas sem deixar de sublinhar os desafios que ainda há que superar para entrar na via do crescimento sustentado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu no final de Maio a quinta avaliação do programa de ajustamento da Grécia e aprovou a transferência de uma nova parcela, no valor de 3,41 mil milhões de euros. Agora, publica o relatório da avaliação, onde tece elogios ao percurso de Atenas, mas sem deixar de sublinhar os desafios que ainda há que superar.
"A Grécia realizou progressos significativos no sentido de reequilibrar a sua economia. O saldo orçamental primário e o saldo das contas correntes externas é excedentário. O sentimento dos investidores melhorou e o Governo realizou com êxito uma emissão de obrigações de médio prazo. A economia deverá crescer em 2014, depois de seis anos de recessão profunda. E tudo isto é um bom augúrio para o desenvolvimento de um ciclo de retoma potencialmente virtuoso", salienta o FMI no seu documento divulgado esta terça-feira.
No entanto, ressalva o relatório do FMI, "há ainda inúmeros desafios a superar antes de a estabilização estar concluída e a Grécia estar na via do crescimento sustentado e equilibrado".
As exportações não relacionadas com o turismo são relativamente fracas e os bancos estão ainda a braços com um enorme volume de crédito malparado que irá requerer níveis adequados de capital e monitorização, refere o documento.
Além disso, o FMI estima que haja ainda fossos orçamentais em 2015-16 e que a dívida pública permaneça em níveis bastante elevados. Assim, o FMI considera que são necessários ajustamentos orçamentais adicionais "de modo a garantir a sustentabilidade da dívida, através de medidas duradouras, ao mesmo tempo que se reforça a rede de segurança social".
"É essencial que as autoridades continuem a melhorar no que diz respeito à cobrança de imposto e ao combate à evasão fiscal, devendo reforçar o controlo das despesas", diz também o relatório, acrescentando igualmente que as reformas na administração pública têm de ser aceleradas.
"Apesar de um substancial ajustamento dos salários, o desempenho das exportações continua a ser comparativamente fraco. O redobrar de esforços para liberalizar os mercados de produtos e serviços é, por isso, bem-vindo. São necessárias mais medidas para eliminar as barreiras regulatórias à concorrência em sectores-chave e para reformar o licenciamento do investimento".
A Grécia "está a implementar inúmeras reformas estruturais, com uma notável aceleração da liberalização do mercado de produtos e serviços, onde os progressos estavam atrasados. No entanto, na área das reformas no mercado de trabalho, onde realizou avanços significativos no passado, o programa está agora a falhar as metas", alerta o relatório.
Recorde-se que o Mecanismo de Financiamento Reforçado (Extended Fund Facility [EFF]) foi aprovado a 15 de Março de 2012 e integra o pacote conjunto de financiamento celebrado com os Estados-membros da Zona Euro.
O grosso dos 240 mil milhões de euros do resgate à Grécia acordado pela troika (valor que agrega o primeiro e o segundo programa de ajustamento [este último no montante de 173 mil milhões de euros] celebrado com o FMI, BCE e Comissão Europeia) é providenciado pelos restantes membros da Zona Euro, que em Abril passado acordaram desembolsar uma tranche 8,3 mil milhões de euros, que será entregue em três vezes.
Este segundo programa de assistência financeira da Grécia – o único país actualmente sob resgate, depois de a Irlanda e Portugal já terem concluído os seus programas de ajustamento – deverá terminar no final deste ano, se bem que esteja previsto o FMI continuar a conceder empréstimos até 2016.