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Não se negociavam tão poucas obrigações do Tesouro desde 2000

Em Janeiro de 2008, foram negociados por dia, em média, quase mil milhões de euros em obrigações do Tesouro português. O valor baixou para três milhões de euros em Julho, de acordo com dados divulgados pelo IGCP. Desde, pelo menos, 2000 que não havia um número tão baixo.

27 de Agosto de 2012 às 13:36
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Há, pelo menos, 12 anos que o montante de Obrigações do Tesouro portuguesas negociadas no mercado secundário não era tão baixo. O valor das obrigações transaccionadas em Julho foi cinco vezes mais baixo do que o registado no mês anterior.

Em cada dia de Julho foram negociados, em média, 3 milhões de euros em obrigações portuguesas no mercado secundário, de acordo com os dados do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) disponibilizados na página oficial. É, segundo esses números, o valor mais baixo desde, pelo menos, Julho de 2000.

Em Junho do presente ano, a negociação média diária de obrigações nacionais era de 15 milhões de euros.
O mercado de obrigações lusas, títulos de dívida de longo prazo, tem vivido um momento de menor liquidez, nomeadamente desde Dezembro de 2010, altura em que Irlanda pediu ajuda externa. Desde esse mês que nunca foram movimentados mais de 100 milhões de euros por dia neste mercado, segundo os dados disponibilizados pela agência liderada por João Moreira Rato (na foto).

Mercado já valeu perto de mil milhões de euros por dia

Desde o pedido de assistência financeira de Portugal, em Abril de 2011, que a negociação diária nunca supera os 50 milhões de euros. Mas também nunca esteve num valor tão baixo como em Julho deste ano. Estas transacções chegaram, em Janeiro de 2008, a superar os 960 milhões de euros em obrigações por dia. Ou seja, um mercado em que já foram transaccionados perto de mil milhões de euros por dia está hoje reduzido a movimentações na ordem dos 3 milhões de euros.

Os dados do IGCP referem-se às transacções feitas no mercado secundário, o mercado em que os investidores trocam títulos de dívida entre si. O mercado primário é aquele em que o Estado coloca directamente esses títulos a quem os quiser comprar.

Portugal não vende dívida de longo prazo no mercado primário desde que solicitou um resgate financeiro, dado que o financiamento do País está aí garantido. Ou seja, deixaram de entrar no mercado novas obrigações lusas. As taxas de juro implícitas sobre as obrigações portuguesas estão, neste momento, em níveis que impedem a participação no mercado, dado que representam, às actuais taxas, custos de financiamento incomportáveis para o Estado.

Apesar de estas rendibilidades estarem nos níveis mais baixos desde o pedido de ajuda, os números são ainda elevados. Neste momento, no mercado secundário, a “yield” sobre as obrigações portuguesas a 10 anos está em 9,405%, o que compara com uma “yield” em torno de 4% no final de 2009 e início de 2010. As taxas praticadas no mercado secundário servem, normalmente, como um termómetro para aquelas que serão, depois, pedidas no mercado primário, o que indica que, provavelmente, o Estado iria enfrentar uma taxa próxima de 10% para emitir dívida.

De acordo com o programa de ajustamento, Portugal deverá voltar a emitir dívida de longo prazo em Setembro de 2013.

Segundo melhor mês dos bilhetes do Tesouro desde ajuda externa

Apesar de ter abandonado as obrigações de longo prazo, o IGCP continuou a emitir dívida de curto prazo, os bilhetes do Tesouro. Os leilões que o Estado português fez, para continuar a marcar presença no mercado de dívida, são sempre de títulos de dívida com maturidade inferior a 18 meses, os chamados bilhetes do Tesouro. Ou seja, estes títulos continuaram a entrar no mercado, dando maior liquidez a este segmento do que no caso das obrigações.

Os números apresentados esta segunda-feira mostram um maior volume de negociação de bilhetes do Tesouro. As transacções médias diárias totalizam 27 milhões de euros em Julho, naquele que é o segundo melhor mês desde Março de 2011, mês que antecedeu o pedido de ajuda externa. Melhor só em Maio deste ano (31 milhões de euros). O mês com menor volume de negociação diária foi, em Maio de 2011, de 3 milhões de euros. O número tem-se mantido estável desde o início do ano.


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