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Ministro do Brexit diz ser "improvável" que o Reino Unido fique no mercado único

Um acordo único para o Reino Unido, que dê controlo nas entradas de pessoas no país, e no tempo que for preciso. Respostas de David Davis, o ministro do Brexit, no Parlamento, onde compareceu pela primeira vez.

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05 de Setembro de 2016 às 21:37
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Theresa May, a primeira-ministra do Reino Unido que ficou com a tarefa de levar o país para fora da União Europeia, tinha prometido novidades sobre os planos pós-Brexit. David Davis, ministro encarregado do Brexit, esteve no Parlamento britânico, mas, de acordo com os relatos dos jornais ingleses, poucas luzes trouxe sobre esses mesmos planos.


Mas deixou algumas pistas. Continua sem se saber quando o Reino Unido irá accionar o artigo 50.º que inicia o processo de negociação para a saída da União. "Vai ser accionado o mais expeditamente possível", afirmou o ministro do Brexit, no Parlamento. Não concretizou. Mas Theresa May já, antes, tinha dito que não seria nunca antes de 2017.

David Davis, que esteve pela primeira vez enquanto responsável pela tutela da pasta na Casa dos Comuns, acrescentou que "o importante é fazê-lo da melhor maneira", preferindo "esperar mais um mês para invocar o artigo 50.º do que fazê-lo um mês antes e fazê-lo de forma errada".


Os deputados insistiram numa melhor clarificação, com Peter Lilley, deputado pelos conservadores, a afirmar que a saída tem de acontecer rapidamente.

 

"O Governo vai demorar tempo para que seja bem feito", garantiu, tendo, no entanto, admitido que há uma linha que o Reino Unido não quer passar. Se controlar a imigração implica não estar no mercado único, então o Reino Unido não estará, o que não significa que deixe de ter acesso a esse mercado de 500 milhões de pessoas. O Reino Unido admite, assim, uma solução única, já que, vai dizendo, é um dos maiores países comerciais do mundo".

 

"O Governo está a olhar para todas as opções. Mas a verdade é que se um requisito de membro [do mercado único] é abdicar do controlo das nossas fronteiras, penso que isso [ser parte do mercado único] se torna improvável", declarou o ministro do Brexit.

Já Theresa May, na China, onde se deslocou para a reunião do G20, tinha dito que é necessário controlar o fluxo de entradas, deixando, aliás, de lado a proposta da campanha pelo Brexit, liderada pelo seu actual ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson, de haver um sistema de pontos para a entrada de pessoas no Reino Unido, tal como o existente na Austrália.

Theresa May rejeitou essa possibilidade, dizendo que o sistema por pontos não "nos dá o controlo" e acrescentando que "quero um sistema no qual o Governo possa decidir quem entra no país. Penso que é isso que os britânicos querem".

Como Theresa May tem repetido, "Brexit significa Brexit", uma frase que foi atirada no Parlamento a David Davis, a quem foi questionado, afinal, o que isso representava. David Davis explicou que o seu gabinete está a preparar um estudo com o impacto do Brexit em 50 sectores. Isto depois de no fim-de-semana o Japão ter divulgado uma carta sobre os impactos do Brexit para as empresas japonesas que estão no Reino Unido, admitindo a saída dessas companhias desse mercado. O seu gabinete, que tem 180 pessoas em Londres e mais de 120 em Bruxelas, está "totalmente comprometido com os governos da Escócia, Gales e Irlanda do Norte", acrescentou.


A ladeá-lo no Parlamento estava Boris Johnson, que foi o rosto do Brexit. E acabou por ser questionado por quem defendeu a saída, como Michael Gove, mas também por quem fez campanha pela permanência na União.


Não há, disse David Davis, qualquer tentativa de atrasar o processo nem de permanecer na União "pela porta dos fundos" ou até de engendrar um segundo referendo só porque não se gostou da resposta. 52% dos britânicos votaram, no passado dia 23 de Junho, favoravelmente a saída do país da União Europeia e decorreu uma petição para que fosse convocado um segundo referendo. Theresa May já garantiu que não haverá nova consulta popular.

Mas antes de accionar o artigo 50.º, o Governo britânico terá de decidir se quer ou não fazer parte da União Aduaneira. Também não disse se o país se manteria integrante da Europol, a polícia europeia.

Criticado pela falta de respostas, David Davis deixou, no entanto, uma nota de que o Governo britânico pretende gerar um consenso nacional sobre a sua posição. E garantiu, segundo o The Guardian, que "colocando sempre o interesse nacional em primeiro lugar, vamos sempre agir de boa fé para com os parceiros europeus". E prometeu minimizar, sempre que possível, incertezas que as mudanças possam trazer. No final, concluiu, "saíremos da União Europeia".

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