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Klaus Regling: “As pessoas sorriem mais agora do que há três anos”

O presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade veio a Lisboa destacar as linhas essenciais do que se espera de Portugal e do euro. É preciso continuar as reformas, frisa.

Bruno Simão
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"Venho cá muitas vezes e noto que as pessoas sorriem mais agora do que há três anos", arrancou Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), sumarizando rapidamente as melhorias que identifica no país. Mas isso não quer dizer que não haja desafios: "o outlook para os próximos anos é necessariamente pior", avisou.

 

Regling falava esta segunda-feira na conferência "O futuro do Mecanismo Europeu de Estabilidade", organizada pelo jornal Público, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

 

Para o presidente do MEE, apesar das melhorias que identifica no país, que atribui à implementação das reformas estruturais e ao efeito do programa de ajustamento, Portugal tem "como qualquer país, desafios pela frente". As projecções de crescimento para os próximos anos antecipam um abrandamento, "porque a economia vai aproximar-se do seu PIB potencial", explicou, assumindo que não se sabe quanto é, mas frisando que se sabe que "é menor do que no ano passado".

 

Por isso, Portugal tem de "manter as reformas" e implementar as recomendações específicas emitidas pela Comissão Europeia, como por exemplo "a melhoria das competências e da literacia financeira", ou o reforço da eficácia da colecta fiscal, ou ainda a melhoria da sustentabilidade do sistema de pensões, argumentou. Também "a fraca rentabilidade dos bancos e o elevado nível de malparado precisam de atenção particular", sublinhou o presidente do MEE, defendendo que "o Governo deve usar o ambiente benigno para manter os gastos públicos apertados".

 

"Portugal é um bom exemplo para a Europa"

 

Seja como for, para Regling, a Europa pode olhar para a economia portuguesa como o exemplo a seguir: "Portugal é um bom exemplo do que a europa pode alcançar quando os países unem esforços", frisou.

 

E estabeleceu um paralelismo entre as economias portuguesa e europeia. Tal como em Portugal, a Europa tem estado a crescer acima do seu potencial, antecipando-se por isso um abrandamento. Além disso, "o mercado de trabalho já dá sinais de estar apertado" e "alguns indicadores de sentimento já estão a piorar". Há ainda "o risco de proteccionismo que está a aumentar", como mostrou a reunião do G7.

 

De seguida, delineou os desafios com que os ministros das Finanças do euro se debatem agora, a cerca de duas semanas da reunião do Eurogrupo onde é esperado que os líderes cheguem a acordo sobre as reformas para aprofundar a união económica e monetária.

 

Perante isto, o que falta é "maior partilha de risco", já que os riscos nos Estados Unidos são mais partilhados e o mesmo acontece, inclusivamente, dentro das maiores economias europeias. "Quanto maior for a partilha de risco através dos canais do mercado e da banca, menor será a partilha de riscos pelo lado orçamental", argumentou.

 

Regling frisou que os líderes se vão concentrar nos dois objectivos de reforma em torno dos quais há mais consenso: completar a união bancária - sendo que a implementação de uma rede de segurança (o backstop) é uma ideia com maior aceitação do que a introdução do fundo de garantia de depósitos europeu - e desenvolver o MEE para uma instituição capaz de substituir o Fundo Monetário Internacional em futuros programas de ajustamento.

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