A Hungria começou a construir uma segunda linha de vedação ao longo da fronteira sul com a Sérvia, uma medida que pode agravar as críticas de alguns dos parceiros da União Europeia (UE). O anúncio do início da construção do reforço da vedação foi feito nesta segunda-feira, 27 de Fevereiro, por um porta-voz do governo citado pela Reuters. Budapeste quer um sistema de defesa mais robusto ao longo da actual vedação de 175 quilómetros na fronteira servo-húngara, precisou o responsável.

O governo do primeiro-ministro Viktor Órban (na foto) considera que a migração é uma das maiores ameaças à integridade do seu país e à sobrevivência da UE, e diz que o reforço da vedação é necessário perante as "centenas de milhares" de migrantes susceptíveis de quererem entrar na Hungria se for denunciado o acordo entre a União Europeia e a Turquia concluído em Março para conter o fluxo, como Ancara já ameaçou.

Em 2015, cerca de 400 mil migrantes passaram pela Hungria em direcção a países como a Áustria, Alemanha ou Suécia, antes do governo construir, no Outono desse ano, vedações nas fronteiras com a Sérvia e com a Croácia. Apesar do dispositivo, cerca de 18.000 pessoas entraram ilegalmente no país durante 2016, segundo números oficiais referidos pela Reuters.

Uma comissão do Parlamento Europeu deverá hoje discutir o estado dos direitos fundamentais na Hungria. Órban foi um dos raros líderes da UE a endossarem o presidente dos EUA, Donald Trump, que promete também alargar o muro ao longo da fronteira EUA-México.