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Gentiloni: "A UE entrou na recessão mais profunda da sua história"

Com a pandemia da covid-19, a União Europeia terá este ano a pior recessão da sua histórica, ao cair 7,4% este ano, bem mais do que em 2009. Mas há vários fatores que podem fazer com que a crise seja ainda pior, como uma nova vaga vírus. Sobre Portugal, Gentiloni optou por dizer que a previsão de Bruxelas está "a meio" caminho e assegurou que a Comissão está a trabalhar para que o turismo sobreviva.

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06 de Maio de 2020 às 11:39
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O comissário europeu com a pasta dos assuntos económicos, Paolo Gentiloni, afirmou que a recessão provocada pela pandemia do novo coronavírus será a mais profunda da história da União Europeia, superior à verificada em 2009. 

"A União Europeia entrou na recessão económica mais profunda da sua história", declarou Paolo Gentiloni nesta quarta-feira, 6 de maio, na conferência de imprensa de apresentação das previsões de Primavera da Comissão Europeia.

A Comissão Europeia prevê que a economia da União Europeia recue 7,4% este ano, um valor recorde, e que a economia apenas dos países do euro recue 7,7%.

"A contração prevista agora é maior do que a de 2009. Na altura foi de 4,5%", afirmou o comissário europeu.

As estimativas para a evolução do PIB representam uma revisão em baixa de quase 9 pontos percentuais face às previsões de outono, divulgadas por Bruxelas em novembro. Na altura, a previsão era que a economia da UE e da zona euro crescessem 1,2% e 1,4%, respetivamente. 


Paolo Gentiloni sublinhou ainda que estas previsões estão sujeitas a um elevado grau de incerteza e que há vários fatores que podem fazer com que a recessão seja ainda mais agravada.

Em primeiro lugar, uma nova vaga mais severa do surto, que leve à manutenção ou agravamento das medidas de confinamento "levaria a uma recessão ainda pior" e dificultaria a recuperação esperada para 2021. Em segundo, "a turbulência financeira não pode ser excluída" se a falta de liquidez das empresas levar insolvências, enumerou.

Além disso, "a recuperação pode sofrer de respostas nacionais insuficientes ou de uma resposta europeia demasiado limitada", defendeu o comissário. Em resultado, a recessão pode aumentar a divergência económica e social entre os Estados-membros e levar a "distorções sérias" no mercado comum europeu e na união monetária.

Pela positiva, Gentiloni destacou que a Comissão "continua a dar novos passos para uma resposta comum" e afirmou que com um "plano de recuperação forte, bem financiado e será possível mitigar o impacto da crise e fortalecer a recuperação". Além disso, os esforços para encontrar uma vacina podem levar a que o regresso à normalidade possa ser mais cedo do que esperado, admitiu.

Previsões sobre Portugal "estão no meio"

Questionado na conferência de imprensa sobre o motivo que justifica o facto de as previsões da Comissão Europeia para a recessão em Portugal serem menos pessimistas do que as do FMI, Gentiloni respondeu que isso acontece em vários países.

"Temos de considerar que a previsão do FMI ocorreu num momento anterior ao da Comissão. Isso traz conclusões diferentes para vários países, porque a data de corte dos dados da Comissão, a 23 de abril, a situação da curva epidémica já era mais clara em vários países. Era claro que e vários Estados-membros o pico já tinha sido atingido", explicou o comissário. 

Relativamente a Portugal, Gentiloni concordou que as previsões da Comissão são menos pessimistas do que as do FMI, mas que acabam por ser mais pessimistas do que outras estimativas, como a do Banco de Portugal. 

Recorde-se que o FMI espera uma recessão de 8% este ano em Portugal e o Banco de Portugal prevê uma contração de 3,7% em 2020. "Estamos no meio", disse Gentiloni.

Em relação ao turismo, que, no entender da Comissão, pode comprometer a recuperação da economia portuguesa, por estar demasiado focada no setor, o Gentiloni assegurou que Bruxelas vai focar-se sobre esta área no Colégio da próxima semana. 

"Temos de trabalhar para garantir que o setor vai sobreviver no verão, apesar de sabemos que vai sobreviver em condições diferentes dos últimos anos. Temos de tentar indicar orientações e, quando possível, regras para coordenar" o regresso ao turismo, disse o comissário.

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