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Extrema-direita alemã defende que constituição e islão não são compatíveis

No congresso da Alternativa para a Alemanha (AfD) realizado no fim-de-semana, o partido reiterou a linha anti-imigração e confirmou ser uma anti-islão. Para a AfD "o islão não faz parte da Alemanha" e não é compatível com a constituição.

Reuters
02 de Maio de 2016 às 15:52
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O congresso da Alternativa para a Alemanha (AfD), realizado no passado fim-de-semana em Estugarda, permitiu confirmar e também consolidar a índole anti-imigração e anti-islão deste partido inicialmente formado enquanto força anti-euro e contrária aos resgates concedidos aos países periféricos no seguimento da crise das dívidas soberanas.

 

No manifesto aprovado pelo partido liderado por Frauke Petry (na foto), o novo rosto sorridente da política germânica, destaca-se um capítulo chamado "O Islão não faz parte da Alemanha". Ao longo deste capítulo defende-se que o islão é incompatível com a Constituição alemã e clama-se pelo banimento de minaretes e burqas.

 

Criado há três anos, o AfD não detém representação no Parlamento federal germânico (Bundestag) mas conta já com 16 deputados eleitos em oito dos 16 parlamentos regionais e tem vindo a afirmar-se progressivamente nas intenções de voto. Se as eleições gerais de 2017 se realizassem agora, a AfD alcançaria 14% e abriria uma ruptura no actual quadro político germânico, dominado por uma coligação governamental dos dois maiores partidos, CDU e SPD.

 

Mas se o congresso de Estugarda tinha também como objectivo abordar discussões sobre políticas económicas para o país, a verdade é que uma vez mais ressaltaram palavras e discursos anti-islão. A AfD tem vindo a beneficiar das crises migratória e dos refugiados e da vaga que, só em 2015, fez chegar à Alemanha mais de 1 milhão de requerentes de asilo para se afirmar politicamente. A política de portas abertas em relação aos refugiados adoptada pela chanceler alemã, Angela Merkel, é o principal alvo político da AfD.

 

Boa parte dos 2 mil delegados ao congresso clamou pela tomada de medidas contra os "símbolos do poder islâmico". Actualmente vivem quase 4 milhões de muçulmanos no país, cerca de 5% da população total residente no país.

 

Este congresso permitiu também confirmar a expectativa da liderança protagonizada por Petry de tornar a AfD numa força de âmbito nacional e capaz de subverter o tradicional "centrão" alemão. "No Verão de 2015 davam-nos como acabados", proclamou Frauke Petry este sábado na abertura dos trabalhos. 

Desde que assumiu a liderança da AfD, Petry transformou este partido numa espécie de braço político do movimento PEGIDA (Europeus Patrióticos contra a Islamização do Ocidente) e foi com um discurso fortemente nacionalista e crítico da política solidária de Merkel que conseguiu importantes resultados nas eleições regionais realizadas em Março. 

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