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Excedente comercial da UE com os EUA atinge máximo em ano de tensão política

As exportações de bens europeus para os Estados Unidos aceleraram em 2018, alargando o excedente já existente entre os dois blocos. Apesar disso, contabilizando todo o comércio exterior, a União Europeia regressou ao défice comercial.

Sérgio Lemos
15 de Fevereiro de 2019 às 11:00
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As ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump, a Bruxelas e o acordo alcançado entre as duas partes ainda não se reflete nos números de 2018. Os 28 países da União Europeia alargaram o excedente comercial de bens com os Estados Unidos, o seu principal parceiro comercial, em 16,8% no ano passado, face a 2017. Os dados foram divulgados pelo Eurostat esta sexta-feira, 15 de fevereiro. 

Esta melhoria do excedente comercial de bens em relação aos EUA - que vai contra o objetivo de Trump de reduzir o défice comercial que os EUA têm com a União Europeia, em particular a Alemanha - acontece num ano que fica marcado pela tensão política internacional que arrancou com as tarifas impostas ao aço e alumínio.

Por mais do que uma vez, o presidente norte-americano ameaçou impor taxas aduaneiras mais elevadas aos automóveis europeus exportados para território norte-americano. As ameaças levaram o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, à Casa Branca para negociar um acordo entre as duas partes de forma a evitar uma escalada da disputa comercial, tal como aconteceu entre os EUA e a China. Juncker voltou para Bruxelas com um plano que passava, entre outras medidas, pelo aumento da importação de soja norte-americana e o gás natural liquefeito

Apesar desse acordo, os dados mostram que as exportações europeias para os EUA tiveram um desempenho superior à média em 2018. De 2016 para 2017, as vendas de bens aos EUA tinham crescido 3,2%, um ritmo de crescimento que acelerou para 8% entre 2017 e 2018. Esta tendência contrasta com a média de crescimento das exportações para fora da UE que desacelerou de um crescimento de 7,7% em 2017 para 4% em 2018.

As importações também acelararam, mas menos: de 1,5% para 3,9% no ano passado. Feitas as contas, a União Europeia exportou 406,4 mil milhões de euros para os EUA e importou bens norte-americanos no valor de 266,7 mil milhões de euros, o que resultou num excedente de 139,7 mil milhões de euros, acima dos 119,6 mil milhões de euros registados em 2017. 

Este é o maior excedente comercial, pelo menos, desde 2002, o primeiro ano para o qual o Eurostat apresenta dados relativamente ao saldo comercial de bens entre os EUA e a União Europeia. Apesar deste máximo face aos EUA, o impacto negativo da evolução das trocas comerciais com outros países, como por exemplo a China ou a Rússia, levou o excedente comercial da UE com o exterior a tornar-se um défice no ano passado. 

Após cinco anos a registar excedentes comerciais face ao exterior, a União Europeia regressou aos défices. Em 2018, o saldo das trocas comerciais com o exterior, no conjunto dos 28 Estados-membros, foi negativo em 22,6 mil milhões de euros - o que compara com o saldo positivo de 22,2 mil milhões de euros em 2017. É preciso recuar a 2012 para encontrar um saldo negativo.
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