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EUA importaram ainda mais da China em ano de tarifas

A entrada em jogo da política protecionista da Casa Branca não foi suficiente para reverter o défice comercial. Nem as tarifas mais duras à China resultaram no curto prazo.

Reuters
06 de Março de 2019 às 16:14
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A nível internacional, o ano de 2018 ficou marcado pelas tarifas que os Estados Unidos impuseram aos seus parceiros comerciais. Contudo, a política protecionista não parece ter resultado, pelo menos no curto prazo: o défice comercial de bens e serviços engordou e atingiu máximos de dez anos.

A grande disputa de Donald Trump foi travada com a China com a maior parte dos bens chineses a ser alvo de tarifas. Mesmo aí a estratégia da Casa Branca não foi eficaz, pelo menos no curto prazo. O défice comercial de bens com a China - que está a negociar um acordo comercial com os EUA - é o mais expressivo para a economia norte-americana e continuou a aumentar. 

De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira, 6 de março, pelo departamento do Comércio norte-americano, em 2018, os Estados Unidos comparam mais 34 mil milhões de dólares de bens chineses, tendo as importações atingido os 539,5 mil milhões de dólares. Já as exportações de bens norte-americanos para a China baixaram 9,6 mil milhões de dólares para os 120,3 mil milhões de dólares.

Ou seja, os números sugerem que, apesar da reciprocidade de tarifas na quase totalidade dos bens de ambos os países, os bens chineses continuaram a chegar a território norte-americano, mas os bens norte-americanos nem tanto. 

Um dos efeitos que pode explicar o aumento das importações dos EUA é a antecipação das empresas que compraram mais bens que precisariam no futuro antes da entrada em vigor das taxas. Contudo, também vale a pena ressalvar que a subida do dólar - que torna os bens de outros países mais baratos e os bens internos (para exportação) mais caros - pode ter tido um papel na evolução destes indicadores. 

O défice comercial com a China acabou por aumentar 43,6 mil milhões de dólares para os 419,2 mil milhões de dólares no ano passado, mais 12% do que no ano passado. Este é um valor recorde e corresponde a quase metade do total do défice comercial dos EUA que, em 2018, atingiu um recorde de 891,3 mil milhões de dólares. 

Também com a União Europeia - face à qual manteve as tarifas sobre o aço e o alumínio desde maio de 2018 -, os EUA alargaram o défice comercial de bens, tal como o Negócios já tinha noticiado. Na perspetiva europeia, o excedente comercial aumentou 16,8%, atingindo máximos de, pelo menos, 2002. As exportações para território norte-americano aumentaram 8% em 2018 ao passo que as importações subiram 3,9%. 

No total, o défice comercial dos EUA já aumentou 119 mil milhões de dólares durante os dois anos da presidência de Donald Trump. 
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