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Espanha vai bater recorde na recolha de impostos em 2018
Mesmo com 1,4 milhões de trabalhadores a menos e com valores de consumo que ainda não voltaram aos níveis pré-crise, o encaixe fiscal no país vizinho prepara-se para revalidar um novo máximo, puxado pelo IRS e pelo IVA.
O Estado espanhol prepara-se para obter no final deste ano o maior encaixe fiscal da história – 210 mil milhões de euros, segundo as estimativas divulgadas pela agência tributária –, ultrapassando inclusive o actual máximo de 200.676 milhões, registado em 2007, quando o país vizinho atravessava o auge da bolha imobiliária.
Enquanto os impostos cobrados às empresas são os únicos que ainda não recuperaram para os níveis pré-crise – o equivalente ao IRC do outro lado da fronteira ainda representa apenas metade do valor que era recolhido há 11 anos –, o jornal El Pais destaca as duas rubricas que mais estão a contribuir para este resultado que chega no quinto ano consecutivo de recuperação económica, três deles com crescimentos acima de 3%.
Por um lado, apesar de as empresas estarem a pagar salários mais baixos e de haver quase 1,4 milhões de trabalhadores a menos do que antes da crise, o imposto sobre os rendimentos dos singulares continua este ano a registar valores recordes. E a "culpa" é da tributação das pensões, que estão 51% acima do nível de 2007, numa altura em que há actualmente quase mais um milhão de reformados.
O segundo principal motivo é a recolha de IVA, que nos oito primeiros meses deste ano voltou a crescer 11,5% face ao mesmo período do ano passado, continuando a beneficiar dos agravamentos decididos em plena crise pelos Executivos de Zapatero (PSOE) e depois de Rajoy (PP), que acabaram por elevar a taxa normal para 21%. E mesmo que o consumo nunca tenha voltado aos mesmos níveis de antes, o principal imposto indirecto segue em máximos depois de no último exercício já ter ficado 15% acima do encaixe obtido no ano comparativo de 2007.
Tal como acontece em Portugal, também em Espanha será conhecido esta segunda-feira, 15 de Outubro, o ante-projecto relativo às contas do Estado para o próximo ano, que incluirá o aumento do salário mínimo para 900 euros e apoios à habitação. Na semana passada, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, assinou um acordo com o Podemos, liderado por Pablo Iglesias, mas os socialistas ainda precisam de outros pequenos movimentos, como os nacionalistas bascos ou os independentistas catalães, para a aprovação do diploma.