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Draghi aceita desafio para liderar governo de emergência em Itália

O presidente de Itália desafiou Mário Draghi a liderar um Governo de emergência face à pandemia que assola o país e o antigo presidente do BCE já respondeu que sim.

Negócios 03 de Fevereiro de 2021 às 12:19
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Mario Draghi aceitou o repto lançado pelo chefe de Estado de Itália, Sergio Mattarella, que encarregou o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) para formar quarta-feira um Governo de emergência face à pandemia que assola o país.

O "ok" de Draghi foi anunciado depois de uma reunião no palácio presidencial, em Roma, entre Sergio Mattarella e o antigo presidente do BCE, que aceitou o mandato com algumas condições.

"É um momento difícil. O Presidente recordou a dramática crise sanitária e os seus graves efeitos na vida das pessoas, na economia e na sociedade. A emergência requer soluções à altura. Respondo positivamente ao chamamento do Presidente", disse Draghi após a reunião.

Draghi admitiu que será um desafio "vencer a pandemia, continuar a campanha de vacinação e relançar o país, mas mostrou-se "confiante de que a união emergirá das discussões com os partidos políticos e os grupos parlamentares".

Draghi vai agora reunir-se com os líderes dos principais partidos italianos, de modo a garantir o apoio de uma maioria alargada dos deputados no Parlamento, sendo que estes têm-se mostrado divididos sobre a escolha de Draghi, de 73 anos, que ficará para a história como o principal responsável por mudar o curso da crise financeira da Zona Euro com uma única frase.

O Movimento Cinco Estrelas, partido com o maior número de deputados e que apoiou o Governo de Conte, já recusou a opção de um governo liderado por Draghi.  Matteo Salvini, líder da Liga, também está contra, embora o partido esteja dividido. Já os outros partidos, sobretudo os pró-europeus, concordam com Draghi assumir o cargo de primeiro-ministro.

A possibilidade de Draghi liderar o próximo governo em Itália está a ser bem recebida nos mercados, com as bolsas europeias a subirem e os juros da dívida soberana a recuarem, sobretudo os italianos.

Além do desafio a Draghi, Mattarella também pediu ao Parlamento para aprovar o Governo de emergência face ao fracasso das negociações entre as forças da antiga coligação para a formação de um novo executivo.

"Apelo às forças políticas do país para que deem vida a um Governo que não se identifique" com qualquer partido e que tenha "um alto perfil" para "enfrentar a atual emergência", disse Mattarella, ao referir-se à crise sanitária, económica e social que o país atravessa.

Na intervenção, o Presidente italiano admitiu que outra opção possível seria a convocação de eleições antecipadas, mas justificou a decisão de não o fazer porque acarretaria a falta de um Governo em pleno funcionamento durante meses cruciais na luta contra a pandemia.

O pedido de Mattarella surgiu depois de o presidente da Câmara dos Deputados de Itália, Roberto Fico, lhe ter comunicado o fracasso da sua mediação para se formar um novo Governo, após a crise política aberta por Matteo Renzi, líder do partido Itália Viva (IV).

A saída da Renzi da coligação governamental desencadeou a crise política, agravada depois pela posterior demissão do primeiro-ministro italiano, há uma semana.


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