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Derrota histórica de Erdogan agrava fragilidade da bolsa e lira turcas

O partido do presidente turco perdeu a eleição para a liderança da capital da Turquia e encaminha-se para perder também o controlo de Istambul. Dúvidas quanto à política económica futura de Erdogan atiram lira e bolsa turcas para o vermelho.

EPA
01 de Abril de 2019 às 11:04
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Pela primeira vez num quarto de século, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, ou o partido a que este pertence, perdeu uma eleição relevante, na primeira derrota eleitoral do líder da Turquia em 16 anos.

O Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan perdeu a eleição municipal na capital Ancara para Mansur Yavas, do Partido Republicano do Povo (CHP).

E pode mesmo estar a caminho de ser também derrotado em Istambul, cidade que já foi liderada pelo próprio presidente turco, uma vez que esta manhã um comissário eleitoral confirmou que o bloco da oposição segue à frente do partido do presidente turco. Por outro lado, elementos do AKP também reclamam vitória em istambul. Desde 1994, Istambul foi sempre governada por partidos ligados a Erdogan.

Isto significa que o islamista AKP corre o risco de perder o controlo atualmente detido das duas maiores e principais cidades da Turquia, o que pode significar uma inversão de rumo em largos anos de domínio político exercido por Erdogan.

O impacto destes resultados já se faz sentir nos mercados, com o principal índice bolsista turco (Bist100) a perder 0,21% e a lira a depreciar 0,71% contra o euro.

Apesar de nesta altura o AKP seguir na frente da contagem dos votos no conjunto das eleições autárquicas com 51% dos votos contabilizados ao nível nacional, a possível perda das duas maiores cidades representa uma derrota política para Erdogan numa fase em que a economia turca atravessa um difícil período.

Com a economia em recessão desde o último trimestre de 2018, os investidores temem agora que Erdogan se sinta pressionado a não prosseguir as pretendidas reformas e opte por apostar no reforço da despesa pública para recuperar nos índices de apoio.

Citado pela Bloomberg, o responsável pelo fundo de investimentos UOB, Patrick Wacker, salienta que sem novas eleições nos próximos quatro anos, Erdogan pode sentir-se tentado a promover uma política orçamental expansionista e provocar aumentos na já elevada taxa de inflação verificada no país, atualmente em torno dos 20%.

Esta foi a primeira eleição na Turquia desde que Erdogan foi reeleito presidente turco no ano passado e após a adoção de um novo sistema político que reforçou amplamente os poderes presidenciais.  

Recep Tayyip Erdogan apostou forte nestas eleições locais que via como oportunidade para reforçar o novo regime presidencialista turco. Contudo, o mau momento da economia turca parece ter-se repercutido nos resultados eleitorais.

É que após vários anos de crescimento económico robusto, a crise da moeda turca de 2018 deixou a Turquia em recessão. Para tentar conter os efeitos económicos nas eleições locais, Erdogan envolveu-se muito na campanha e chegou mesmo a afirmar que nestas eleições estava em causa a "sobrevivência" da Turquia e do AKP.

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