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Oposição turca reúne-se para debater anulação da vitória eleitoral em Istambul
O candidato vencedor das eleições municipais de Istambul vai reunir-se hoje com os dirigentes da oposição turca para analisar o controverso anulamento do resultado eleitoral que lhe deu a vitória contestada pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Ekrem Imamoglu deve encontrar-se hoje em Ancara com Kemal Kiliçdaroglu o líder do CHP partido social-democrata a que pertence e com Meral Aksener, o dirigente do Iyi, formação política de direita.
Foi com o apoio destes dois partidos que Imamoglu, 48 anos, venceu o candidato do partido presidencial, o ex-primeiro-ministro Binali Yildirim, nas eleições municipais de 31 de maio, que foram anuladas formalmente na segunda-feira.
A vitória de Imamoglu foi invalidada pelo Comité Eleitoral da Turquia que marcou nova eleição para o dia 23 de junho.
A decisão foi anunciada depois de o presidente Erdogan ter afirmado que se verificaram "irregularidades" reclamando a anulação das eleições.
"Nós consideramos que a decisão é a melhor solução no sentido de resolver os nossos problemas num contexto democrático e legal deixando a escolha à vontade popular", disse hoje o chefe de Estado numa reunião com deputados do partido no poder, AKP.
Erdogan rejeita as críticas da oposição e reafirma que tem elementos "sólidos" que não podem ser negados sobre as "irregularidades".
"Nós acreditamos sinceramente que as eleições foram marcadas por abusos cometidos de forma organizada", disse Erdogan acrescentando que se estava a verificar uma "usurpação da vontade popular".
O CHP, a principal formação política da oposição condenou a decisão do Comité Eleitoral e acusou o organismo de "golpe contra as urnas" e que a Turquia se afunda "numa ditadura".
Milhares de pessoas manifestaram-se na segunda-feira à noite em Kadikoy (um distrito no lado asiático de Istambul) contra o anúncio do Comité Eleitoral sobre a marcação de novas eleições.
Após a declaração do organismo que tutela as eleições na Turquia, a União Europeia pediu às autoridades de Ancara que permita autorização para a entrada de observadores internacionais durante o novo ato eleitoral marcado para 23 de junho.
"Garantir um processo eleitoral livre, justo e transparente é essencial para a democracia e para as relações entre a União Europeia", disseram através de um comunicado a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini e o comissário para o Alargamento Johannes Hahn.
A decisão sobre a repetição das eleições em Istambul provocou também "turbulência" nos mercados financeiros que voltam a pressionar o governo de Ancara no sentido de relançamento da economia.