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Centeno avisa Grécia: "Voltar atrás não é uma opção"

O presidente do Eurogrupo abre a porta a mais autonomia por parte do Governo grego, mas avisa que "voltar atrás não é uma opção". Centeno espera que a carga fiscal na Grécia diminua nos próximos tempos.

Reuters
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 04 de Julho de 2018 às 13:01
Há cerca de duas semanas o Eurogrupo acordou o fim do resgate à Grécia. A saída oficial do programa de assistência deverá acontecer a 20 de Agosto, mas Atenas continuará sob o olhar atento das instituições credoras que vão fazer visitas técnicas trimestrais. Para Mário Centeno esta monitorização servirá para assegurar a credibilidade do processo, mas garante que o Governo grego terá mais margem de manobra na definição de políticas. Ainda assim, com limites, dado que o presidente do Eurogrupo avisa que "voltar atrás não é uma opção". 

No dia em que vai ao Parlamento Europeu discutir com os eurodeputados a situação grega, Centeno deu uma entrevista ao jornal grego Naftemporiki. Questionado sobre as intenções do Governo grego noticiadas, que apontam para medidas de menor restrição, nomeadamente nos cortes nas pensões, Mário Centeno não deu uma resposta directa, referindo que não quer "julgar intenções de políticas".

No entanto, o presidente do Eurogrupo disse esperar que a Grécia "não se desvie dos compromissos anteriores", ao mesmo tempo que pode dar uso ao alargamento das opções de política permitidas pela saída do programa. "O fim do programa irá trazer uma maior margem para manobrar e calibrar as políticas", disse. Mas esse uso tem de ser "inteligente e responsável", alertou Centeno, assinalando que "voltar atrás não é uma opção" para a Grécia. 

"Se a Grécia continuar a apropriar-se das políticas depois do período do programa, irá certamente encontrar uma forma confiável para reflectir as suas novas preferências políticas sem colocar em causa o progresso feito até agora", continuou Mário Centeno, referindo que essa gestão será uma "medida do sucesso" para o período pós-programa. O ministro das Finanças português chega mesmo a dizer que espera que a Grécia reduza a carga fiscal que recai sobre os contribuintes assim que o PIB recupere mais. 

Centeno dá Portugal como um "bom exemplo" para a Grécia, mas recusa comparações imediatas: "A Grécia está a seis semanas de sair do programa. Portugal deixou o programa há quatro anos". Ainda assim, o presidente do Eurogrupo diz que, "apesar de ter uma margem de manobra orçamental limitada, Portugal cumpriu as regras orçamentais uma vez que ajudou o crescimento [económico] com uma mistura saudável de medidas pró-crescimento do lado da procura e do lado da oferta".

Uma das medidas acordadas no Eurogrupo de dia 22 de Junho foi o alívio da dívida grega, que passará por prolongar por 10 anos a maturidade média do empréstimo recebido do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF). Esta medida dá sustentabilidade a médio-prazo, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem colocado em causa o longo-prazo. Do lado do Eurogrupo, Centeno argumenta que o acordo inclui que se revisite esse assunto no futuro, se for necessário. E diz que esse compromisso é para ser levado a sério: "Nós [Eurogrupo] mostramos que esta é uma promessa credível". 
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