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Catalunha desafia governo espanhol ao criar imposto sobre depósitos bancários

O Executivo de Mariano Rajoy criou no final de Novembro o mesmo imposto, que entra em vigor a 1 de Janeiro de 2013, para impedir que as comunidades autónomas fizessem o mesmo.

Catalunha pede mais dinheiro ao fundo de liquidez espanhol
18 de Dezembro de 2012 às 16:59
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O ministro espanhol do Orçamento, Cristóbal Montoro, defendeu na semana passada que a criação de um imposto de 0% sobre os depósitos bancários, anunciado no final do mês passado, respondia à necessidade de manter a unidade do mercado bancário. Estava em causa o facto de haver comunidades autónomas que estavam a ponderar introduzir, a nível regional, uma tributação para a banca pagar sobre os depósitos.

 

Montoro anunciou então a criação do imposto, mas de 0%, numa tentativa de que prevalecesse a taxa a nível nacional, impedindo o mesmo tipo de imposto a nível regional. Com efeito, o governo criou o imposto para evitar que cada comunidade autónoma criasse as suas próprias tributações, levando a disfunções no sector. Isto porque duas administrações não podem, em princípio, tributar o mesmo acto.

 

No entanto, o ministro não descartou que este imposto sobre os depósitos – que poderá coexistir com um imposto sobre as transacções financeiras – pudesse vir a ser agravado.

 
Estratégia surtirá efeito?
O governo espanhol criou o imposto sobre depósitos bancários para evitar que cada comunidade autónoma criasse as suas próprias tributações, levando a disfunções no sector. Isto porque duas administrações não podem, em princípio, tributar o mesmo acto.

Recorde-se que havia já três comunidades autónomas – Extremadura, Canárias e Andaluzia – a aplicar este imposto, mas o Ministério do Orçamento conta com a sua extinção a partir do momento em que vigorar o mesmo imposto, mas a nível nacional. Mas, para isso, está previsto na lei do financiamento das comunidades autónomas que estas sejam compensadas pelo Estado pela perda de receitas fiscais.

 

Agora a Catalunha decidiu desafiar o governo espanhol e aprovou hoje um decreto-lei para a criação de um imposto sobre os depósitos das entidades de crédito, que entrará amanhã em vigor, avança o “Expansión”.

 

O Executivo da Catalunha atribui a sua decisão à “necessária consecução das medidas de reequilíbrio adoptadas pelo governo para cumprir as suas metas do défice”, refere o mesmo jornal.

 

Mas a Catalunha – ou qualquer outra comunidade autónoma – pode implementar este imposto? Segundo o Tribunal Constitucional, sim. É que na semana passada esta instituição deu aval às comunidades autónomas para poderem criar a sua própria taxa sobre os depósitos bancários. Pelo menos, permitiu que o imposto aplicado pela Extremadura se mantivesse, o que abriu caminho a que haja essa possibilidade em todas as regiões.

 

Cristóbal Montoro, perante essa decisão do Constitucional, sublinhou que importa evitar problemas de segmentação na actividade bancária nos diferentes territórios, harmonizando e homogeneizando essa tributação.

 

Contudo, o actual imposto criado pelo Executivo de Rajoy, é de 0%. O presidente da comunidade da Andaluzia, José Antonio Griñan, disse no passado dia 13 de Dezembro que considerava injusto que fossem os espanhóis a pagar esta factura e não a banca, uma vez que a Andaluzia não vai poder “recuperar” o dinheiro que tinha previsto à conta deste imposto regional sobre a banca, tendo que ser o governo a compensar a comunidade autónoma.

 

Para Griñan, a política fiscal do governo não só é “injusta”, como também “incongruente e desleal” perante as comunidades autónomas. Segundo o presidente da comunidade da Andaluzia, o “pior” da política fiscal do PP é que segue a máxima de não tocar na banca, ao mesmo tempo que sobe os impostos das classes médias e trabalhadoras.

A política fiscal do governo não só é “injusta”, como também “incongruente e desleal” perante as comunidades autónomas.  
José Antonio Griñan, presidente da comunidade autónoma de Andaluzia

Um comentador salientava, no artigo do “Expansión”, que os bancos passarão esse imposto aos cidadãos através de mais comissões. Mais impostos para que haja menos dinheiro parado… e para que a economia se mexa? Montoro dizia, há uma semana, que a actual prioridade é fazer com que o crédito flua para os empreendedores, indo assim ao encontro desta ideia.

 

Resta ver, agora, se o imposto criado pela Catalunha será considerado inconstitucional, já que foi implementado depois da criação do mesmo imposto a nível nacional.

 

Recorde-se que a Catalunha realizou eleições regionais no mês passado, não tendo Artur Mas conseguido a desejada maioria para avançar com um referendo para a independência.

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