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Casado desafia Sánchez a governar com o Cidadãos e não com independentistas

O encontro entre os líderes do PSOE e do PP acabou com uma meia surpresa. Pablo Casado rejeita apoiar a investidura de um governo protagonizado pelo PSOE, mas desafia Pedro Sánchez a governar com o Cidadãos para não ficar dependente de independentistas. Casado disponível para pactos de Estado.

Reuters
06 de Maio de 2019 às 16:10
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O PP rejeita apoiar a investidura de Pedro Sánchez como primeiro-ministro mas admite não colocar obstáculos à mesma se o líder do PSOE se aliar ao Cidadãos em vez de se juntar a partido(s) independentista(s). É esta a conclusão principal do encontro realizado esta segunda-feira, 6 de maio, entre o presidente do PP e grande derrotado das eleições de há uma semana, Pablo Casado, e o secretário-geral do PSOE e primeiro-ministro em funções que decorreu na Moncloa.

Depois da reunião em que foi discutida a situação política em Espanha depois das últimas eleições, Pablo Casado explicou em conferência de imprensa o conteúdo das conversações com o líder socialista.

Depois de ter registado a maior derrota eleitoral do PP desde a transição democrática, Casado frisou que pretende assumir a chefia da oposição, que exercerá de forma "firme" e "responsável", papel em linha com os resultados eleitorais que não providenciaram nenhuma maioria clara de governo.

De seguida o líder conservador indicou uma via alternativa para Sánchez formar governo: em vez de se aliar ao Unidas Podemos (coligação eleitoral de esquerda) e à ERC (esquerda independentista catalã) para obter a maioria absoluta no parlamento, o que significaria que os socialistas voltariam a ficar dependentes do apoio de independentistas, Casado sugere a Sánchez que chegue a acordo com o Cidadãos para formar governo. Em qualquer dos dois casos é assegurada a maioria absoluta com 180 mandatos.

Pablo Casado esclarece que enquanto o PP irá seguramente votar contra uma investidura baseada no primeiro cenário, os populares estão disponíveis para não colocar entraves a uma aliança entre Sánchez e o partido liderado por Albert Rivera.

"Não vamos facilitar esse governo [com independentistas e o Podemos], mas entendemos que outros que respeitam a Constituição e a unidade de Espanha o façam", declarou Casado revelando ainda ter pedido explicitamente a Pedro Sánchez para "não depender daqueles que não acreditam na unidade" de Espanha.

Pablo Casado não faz nenhuma referência direta ao Cidadãos, mas tendo em conta o quadro parlamentar saído das eleições é claro que se refere ao partido de Rivera. O problema é que ao longo da campanha eleitoral Rivera, e depois Sánchez, trocaram linhas vermelhas mútuas quanto a um eventual acordo pós-eleitoral.

Por outro lado, vários membros do PSOE têm-se desmultiplicado em declarações que evidenciam a vontade de Sánchez voltar a liderar um governo minoritário, composto por ministros socialistas e independentes, e com base em acordos parlamentares negociados caso a caso, ou seja, à esquerda e à direita.

Sánchez quer margem para acordos de regime

Esta terça-feira Sánchez prossegue a ronda de auscultação aos principais líderes partidários, de manhã com Albert Rivera, do Cidadãos, e durante a tarde com Pablo Iglesias, do Podemos. Iglesias já se mostrou desconfortável com o facto de Sánchez ter dado prioridade aos líderes da direita (excluindo Santiago Abascal, líder do Vox, de extrema-direita, que superou a marca dos 10% nas eleições) e não à esquerda, isto depois de o líder do Podemos ter revelado publicamente que gostaria de integrar um governo chefiado pelo atual primeiro-ministro interino. O líder do Podemos revelou que gostaria de integrar um governo do PSOE, condição "indispensável" para promover políticas de esquerda, mas Sánchez fechou-lhe a porta.

O líder socialista pretende aproveitar estes encontros para medir o pulso à disponibilidade dos maiores partidos para negociarem pactos de Estado ao longo da legislatura que confiram um mínimo de estabilidade para um governo minoritário não apenas ser investido mas também prosseguir em funções. Casado garantiu estar disponível para fazer pactos de regime com o PSOE, porém avisa que um novo governo de Sánchez será sempre uma solução "débil". 

Sánchez chegou ao poder em junho do ano passado com base no apoio parlamentar do Unidos Podemos e de pequenas forças regionalistas e independentistas. Porém, acabou por fazer cair o governo depois de os independentistas catalães (ERC e Juntos pela Catalunha) terem recusado apoiar o orçamento socialista para 2019.

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