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Sánchez fecha a porta a governo com Podemos e só admite pacto parlamentar
O líder do PSOE e grande vencedor das eleições do passado domingo reiterou que quer governar sozinho, voltando assim a fechar a porta à intenção do Podemos integrar o próximo executivo. Pedro Sánchez quer repetir pacto parlamentar com Pablo Iglesias.
Pedro Sánchez liderou um governo unicolor nos últimos 10 meses e assim quer continuar depois de ter vencido as eleições gerais espanholas do passado domingo e apesar da disponibilidade do Podemos para integrar o próximo executivo.
Não obstante a insistência de Pablo Iglesias, para quem é "imprescindível" a presença do Podemos no governo para concretizar uma "política de esquerda", o secretário-geral do PSOE e primeiro-ministro em funções pretende liderar um governo minoritário com base num pacto parlamentar com aquela formação de esquerda.
Sánchez mantém a vontade, enunciada durante a campanha eleitoral, de formar um governo progressista composto somente por ministros socialistas e independentes. Iglesias contrapõe que só com o Unidas Podemos o bloco da esquerda supera os mandatos do bloco da direita (PP, Cidadãos e Vox).
O El Mundo enquadra a posição de Pedro Sánchez como reflexo dos resultados eleitorais de 28 de abril, já que o PSOE passou de 85 para 123 mantados e a Unidos Podemos recuou de 71 para 42.
Ou seja, para Sánchez não faz sentido dar espaço de afirmação ao Podemos com a presença no governo, o que por outro lado abriria o flanco para críticas da direita por se aliar à "extrema-esquerda" que ameaça a integridade do território espanhol.
O facto de o ainda primeiro-ministro ter agendado, para a próxima segunda e terça-feira, encontros com os líderes do PP (Pablo Casado), do Cidadãos (Albert Rivera) e Iglesias, exatamente por esta ordem, que é a mesma da representação parlamentar conquistada no domingo, mostra uma aparente equidistância e confirma a promessa de que após as eleições dialogaria com todas as forças políticas.
Por outro lado sinaliza que o PSOE vai tentar normalizar as relações com as principais forças da direita moderada (PP e Cidadãos) após anos de enorme conflitualidade.
Pablo Iglesias não esconde a insatisfação por ficar para depois na agenda dialogante de Sánchez, desde logo porque acreditava que o PSOE daria prioridade à esquerda.
Ainda assim, os socialistas atribuem um caráter "preferencial" a acordos com o Podemos, pegando na expressão utilizada por José Luís Ábalos, responsável pela organização interna do PSOE.
"É lógico pensar que com o Unidas Podemos poderemos chegar a acordos de caráter programático", afirmou Ábalos nos festejos do 1 de maio.
O também ministro do Desenvolvimento clarifica depois a vontade socialista: "A nossa intenção é ter um governo como o atual, sozinhos, embora com vontade de chegar a acordos com outros partidos, sendo certo que a preferência recai sobre o Unidas Podemos, com quem já existe uma experiência prévia de entendimento".
Note-se que Sánchez chegou à Moncloa com o apoio parlamentar da aliança então denominada Unidos Podemos e de um conjunto de pequenas forças regionalistas e independentistas. Foi, contudo, às mãos dos independentistas catalães (ERC e Juntos pela Catalunha), que não apoiaram o orçamento socialista, que o governo de Sánchez acabou por cair.
Como salienta o El País, a preferência do PSOE recai no estabelecimento de pactos parlamentares com o Unidas Podemos e os nacionalistas bascos (PNV), no entanto em conjunto estas forças não somam os 176 deputados que conferem a maioria absoluta da câmara baixa do parlamento espanhol.
Assim, em Espanha não está ainda colocada fora de órbita a hipótese de Pedro Sánchez alcançar algum tipo de entendimento com o Cidadãos ou o PP nas reuniões da próxima semana.