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AKK sucede a Merkel na liderança da CDU

À segunda votação, os mil e um delegados democratas-cristãos elegeram a protegida de Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, como nova presidente da CDU. AKK sucede a Merkel na liderança dos conservadores germânicos.

EPA
07 de Dezembro de 2018 às 16:00
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Annegret Kramp-Karrenbauer (AKK) é a nova presidente da CDU (União Democrata-Cristã), sucedendo a Angela Merkel na liderança dos democratas-cristãos. Depois de 18 anos como líder dos conservadores alemães, os delegados da CDU presentes no congresso que decorre esta sexta-feira e sábado em Hamburgo escolheram a actual secretária-geral do partido, e protegida da chanceler, para continuar a liderar os destinos da principal força política germânica.

Aos 56 anos de idade e depois de ter chefiado, entre 2011 e 2018, o governo regional do pequeno estado do Sarre, Kramp-Karrenbauer assume a liderança da CDU o que, por inerência, faz dela a candidata do partido às próximas eleições federais, previstas para 2021, isto se Merkel não sofrer nenhum contratempo e houver um acto eleitoral antecipado. Tendo ainda em conta que, pese embora a tendência de quebra eleitoral observada nas sondagens, a CDU continua a ser o maior partido alemão, AKK perfila-se para ser a próxima chanceler da Alemanha. 

Também conhecida como "mini-Merkel", dada a proximidade à chanceler, no discurso de vitória dirigido ao partido Kramp-Karrenbauer rejeitou o epíteto e fez desde já questão de se afirmar: "Li que sou 'mini', uma cópia, simplesmente mais do mesmo. Caros delegados, estou diante de vós tal como sou e como a vida me fez e estou orgulhosa disso".

AKK recebeu 517 votos contra os 482 conquistados pelo candidato derrotado Friedrich Merz, antigo líder parlamentar do partido e gestor na BlackRock, isto num total de 999 votos validados. Mesmo com um desfecho renhido, esta não deixou de ser uma vitória contundente de AKK, já que perto de um terço dos mil e um delegados com capacidade de voto (296) são oriundos do estado federado da Renânia do Norte-Vestfália, a região de ontde Merz é natural.

Na primeira votação nenhum dos três candidatos obteve a maioria absoluta dos votos, pelo que passaram à segunda ronda apenas os dois mais votados. Na primeira ronda, AKK teve 450 votos, Merz recebeu 392 e Jens Spahn, actual ministro da Saúde, recolheu apenas 157.

Apesar da maior proximidade ideológica entre Merz e Spahn, ambos com um posicionamento mais à direita da CDU e o regresso do partido à sua matriz conservadora, AKK conseguiu obter o apoio necessário à vitória junto dos delegados que na primeira ronda votaram no ministro da Saúde.

Uma "honrada" Merkel despede-se


Antes ainda das votações, a chanceler Angela Merkel dirigiu-se aos conservadores pela última vez enquanto líder da CDU. Numa intervenção em que não conseguiu esconder a emoção, Merkel agradeceu todo o apoio recebido ao longo dos 18 anos passados como presidente dos democratas-cristãos, 13 dos quais acumulando com a chancelaria germânica. 

"Foi um grande prazer, foi uma grande honra", declarou Merkel, citada pela agência Reuters, e gerando uma ovação que se prolongou por praticamente 10 minutos. A chanceler defendeu que agora é hora de a CDU não olhar para o passado para para o futuro frisando, porém, que apesar da renovação geracional o partido deve manter os "mesmos valores". 

Após três anos em que tem vindo a assistir ao desgaste do seu capital político, sobretudo desde a proclamação da política de portas abertas aos refugiados enunciada em 2015, Angela Merkel fez questão de lembrar que num tempo de grandes mudanças, desde a evolução tecnológica às alterações climáticas e passando pelo desafio à ordem internacional multilateralista, os democratas-cristãos não podem abdicar de "defender a nossa visão liberal, o nosso estilo de vida". 

Em Outubro último, na sequência de dois maus resultados eleitorais em dois estados federados, que se seguiram ao pior resultado de sempre em eleições federais registado em 2017, Merkel anunciou que não se recandidataria à chefia da CDU no congresso que termina este sábado em Hamburgo. Contudo, Merkel disse pretender concluir os três anos que restam do mandato de chanceler, findo o qual pretende afastar-se da vida política. 

Delfim de Merkel

Vista como delfim de Merkel, AKK garante uma linha de intervenção política moderada e centrista, à imagem daquela que prevaleceu nestas quase duas décadas de liderança partidária da ainda chanceler. Todavia, ao contrário da chanceler, Kramp-Karrenbauer é mais conservadora no que diz respeito à política migratória e ao nível das relações externas defende uma posição mais dura relativamente às acções desestabilizadoras promovidas pela Rússia.

AKK conta ainda com um registo eleitoral positivo, após vitórias no Sarre, e está também habituada a negociar acordos com outros partidos, uma característica que poderá ser-lhe útil no futuro se se tiver em conta que o parlamento alemão é hoje o mais polarizado desde a Segunda Guerra. 


AKK governou em aliança com os Verdes e os liberais (FDP), precisamente as mesmas forças que há um ano não conseguiram chegar a acordo para celebrar a chamada coligação Jamaica (CDU-FDP-Verdes) e governar a Alemanha. 

(Notícia actualizada às 17:00)
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