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Salários estão estagnados e a subir ao mesmo tempo? Centeno explica

A evolução dos salários nas economia portuguesa foi um dos temas que marcou a audição do ministro das Finanças no Parlamento. Aos deputados, Mário Centeno defendeu que a estagnação salarial é um efeito ilusório.

Miguel Baltazar
31 de Janeiro de 2018 às 21:00
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Os salários estão quase estagnados? Estão. Mas o ministro das Finanças disse que estão a subir? Disse. Então, mentiu? Não.

É natural que esteja confuso. Vamos por partes. Segundo os números divulgados pela actualização do Livro Verde das Relações Laborais, os salários declarados à Segurança Social estão, em termos reais (considerando o efeito da inflação), a subir 0,6% até Setembro de 2017, ou seja estão praticamente estagnados.

No Parlamento, confrontado com estes dados pela deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ministro das Finanças preferiu destacar outros números. Mário Centeno avançou que, em 2017, os salários cresceram cerca de 2%, em termos nominais (sem inflação), sem deixar de admitir que, "em termos reais, há um crescimento menor".

Porém, "para que o salário médio cresça [em termos nominais] 2%, com a criação de 288 mil empregos, é preciso que os salários de cada um dos portugueses esteja a aumentar porque o efeito de composição é o contrário que existe em tempos de crise".

Trocando por miúdos, as palavras do ministro significam o seguinte: em contexto de crise económica, são mais destruídos os empregos desqualificados e precários que são também os mais mal remunerados. Isto acaba por conduzir a um aumento do salário médio dos trabalhadores que ficam empregados.

Já nos períodos de retoma do mercado de trabalho sucede o inverso. Em média, os empregos criados terão um salário inferior à remuneração média da economia, o que cria um enviesamento nas estatísticas da Segurança Social. Ou seja, é um mero efeito de recomposição do universo de trabalhadores.


Levando mais longe o seu raciocínio, o ministro argumentou até que se pode dizer que os salários dos portugueses sobem, não 2%, mas sim 7%. Porquê? Porque "as contribuições sociais estão a crescer 7%, em média mensal, o que significa que os salários que os portugueses levam para casa no seu conjunto estão a crescer 7%", argumentou.

Dado que as contribuições sociais correspondem a uma parcela fixa das remunerações, se aquelas sobem 7% é porque estas também sobem na mesma medida (admitindo que não há um aumento da eficiência da cobrança da Segurança Social). Ou seja, o salário médio sobe 2% em termos nominais e 0,6% em termos reais, mas o "salário conjunto" que todos os portugueses auferem cresce 7%. Isto é um reflexo da entrada de novas pessoas no mercado de trabalho, que antes não recebiam qualquer salário.

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