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António Saraiva: Salário mínimo de 700 euros é "perfeitamente razoável"
Uma subida de 100 euros ao longo da legislatura seria "perfeitamente razoável", considera António Saraiva. "Se a economia o permitir" até pode ser mais.
Um aumento do salário mínimo dos atuais 600 euros para 700 euros no final da legislatura, dentro de quatro anos, seria "perfeitamente razoável", considera António Saraiva, que revela que já começou a discutir o assunto com o Governo indigitado.
Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, o presidente da CIP acrescenta que se a economia o permitir seria até "desejável que pudesse ser mais".
Um valor de 700 euros no final da legislatura,"parece-me tão razoável como pode ser outro qualquer. [Um aumento de] cem euros durante a legislatura? Parece-me perfeitamente razoável, mas não estou com isto a amarrar a minha organização a que assim seja. Até podemos ser surpreendidos. Se a economia o permitir até seria desejável que pudesse ser mais", afirma.
No programa Conversa Capital, António Saraiva volta a defender que sejam tidos em conta indicadores como o crescimento económico, a inflação ou os ganhos de produtividade, mas também acrescenta que seria positivo ter uma meta para o final da legislatura, para que as empresas se possam preparar.
"Na última legislatura o salário mínimo subiu substancialmente e as empresas lá o absorveram porque previamente era conhecido que em 2019 atingiria 600 euros e as empresas foram-se preparando para esse caminho", diz.
Referindo que é necessário avaliar os passos a dar, evitando subidas "abruptas", o presidente da CIP acrescenta que já está a discutir com o Governo indigitado esta matéria.
"Porque não temos essa fórmula é que estamos em concertação social e, não vou cometer nenhuma inconfidência, já estamos a discutir com o governo indigitado essa matéria para encontrarmos o melhor caminho para incorporarmos esta discussão".
Ao longo da última legislatura o salário mínimo passou de 505 euros para 600 euros brutos por mês, na sequência dos acordos então estabelecidos entre o PS e o Bloco de Esquerda.
Desta vez, o objetivo da CIP é estabelecer um acordo de médio prazo que também defina referências para os restantes salários da economia, através da negociação coletiva, uma ideia que também tem sido promovida pelo primeiro-ministro, António Costa. O programa eleitoral do PS não fixa valores para o aumento do salário mínimo.
Trata-se de uma antiga reivindicação das associações patronais mas, segundo revela, António Costa terá revelado abertura para negociar um acordo que envolva "fatores de competitividade".