Notícia
UGT admite faseamento de aumentos para professores durante sete ou oito anos
O líder da UGT, Carlos Silva, admite “discutir quanto tempo leva a acomodar” a despesa com as progressões dos professores “ao longo de vários orçamentos, até por várias legislaturas”. A Fenprof, pelo contrário, responde que sem efeitos em 2018 haverá 100 mil nas ruas.
A UGT está disponível para negociar um acordo sobre o descongelamento faseado das carreiras dos professores ao longo de sete ou oito anos. A disponibilidade foi manifestada pelo secretário-geral desta estrutura, Carlos Silva, em entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença.
"Ninguém disse que está em causa o dinheiro – está em causa é a contagem do tempo", sublinhou. Por isso, é possível discutir "quanto tempo leva a acomodar esta despesa ao longo de vários orçamentos, até por futuras legislaturas". "Não fechamos portas nenhumas", garantiu.
Instado a precisar quantos anos admite discutir, Carlos Silva lembra que "houve uma negociação" há alguns anos atrás que "levou sete, oito anos a acomodar os valores". "O que é preciso é que esta negociação não ponha em causa as execuções orçamentais do Estado, temos consciência disso", acrescentou, dizendo que foi um erro o Ministério da Educação ter recusado receber os sindicatos.
Ao ministro Tiago Brandão Rodrigues falta "algum peso político", acrescentou. Mostrando que a UGT está disponível para fasear os aumentos – que o Governo diz que custariam 650 milhões de euros se fossem aprovados na íntegra já no próximo ano, Carlos Silva lembra o que aconteceu nos enfermeiros. "Nós aceitamos o faseamento, mas tem que ser discutido. Os enfermeiros tinham uma exigência de 750 euros. Sabe quanto foi negociado? 150 euros!".
Por isso, "se esta décalage serviu para os enfermeiros e geriu algumas expectativas, o princípio deve-se aplicar à restante Administração Pública". Se conseguir um acordo com os professores nesta matéria, Costa consegue garantir quatro anos de paz social. "Não tenho grandes dúvidas disso".
Fenprof promete 100 mil na rua se não houver efeitos em 2018
Esta quarta-feira, o Governo admitiu contabilizar "de alguma forma" os nove anos, quatro meses e dois dias de tempo de serviço que não estão a ser considerados nas progressões dos professores. Mas rejeitou que isso implique aumento de despesa em 2018, 2019 e 2020. Se o Executivo aceitasse sem reservas aplicar esses critérios já no próximo ano, 22 mil professores chegariam ao topo da carreira em 2018.
Se assim não for, Mário Nogueira não se mostra tão compreensivo como Carlos Silva. "Se for essa a proposta", isto é, de não reflectir até 2020 a contabilização dos referidos nove anos, a Fenprof promete convocar 100 mil professores para as ruas, em declarações ao Diário de Notícias. "Não há contemplações com esse tipo de brincadeiras. Estamos abertos a negociar, a encontrar uma solução. Agora, atirar para outros a responsabilidade que também é deles é inaceitável", sublinhou.