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Salário real dos professores portugueses caiu 1% entre 2015 e 2022

Em termos reais, o salário caiu, mas ainda assim os professores portugueses recebem, em média, mais 42% do que a média dos profissionais em Portugal com as mesmas habilitações.

Cofina
12 de Setembro de 2023 às 10:01
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Em semana de arranque do ano letivo, a Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico (OCDE) revela que, entre 2015 e 2022, a média dos salários reais (ou seja, medido em termos de poder de compra) dos professores portugueses do ensino secundário caiu 1%, um valor contrário à tendência dos países da organização, onde houve um crescimento de 4%.

Ainda assim, os professores em Portugal recebem mais 42% do que outros profissionais com as mesmas habilitações. Isto, explica a OCDE, porque "a população docente está a envelhecer e, consequentemente, uma grande parte dos professores está perto do topo da sua carreira docente".

O relatório divulgado pela OCDE esta terça-feira dá nota de que, atualmente, Portugal paga em média, ajustado ao poder de compra, 41.330 euros (no câmbio atual) anuais por professor com 15 anos de experiência, um valor inferior aos 49 mil euros médios dos países da organização. A OCDE refere também que combinando "os requisitos de tempo de ensino anual, as horas anuais de tempo de ensino obrigatório e a dimensão das turmas" é possível chegar a um valor médio de custo salarial médio dos professores por aluno de 3791 euros, mais 427 euros do que a média da OCDE e 16% superior ao registado em 2015 no país.

"Esta diferença pode ser explicada por quatro fatores: salários mais elevados dos professores aumentam os custos (em 50 euros), horas de ensino acima da média reduzem os custos (em 469 euros), tempo de instrução dos alunos acima da média aumenta os custos (em 442 euros) e turmas mais pequenas aumentam os custos (em 403 euros)", esclarece a OCDE.

O relatório aponta também para o facto de Portugal gastar menos 14% por aluno do que a média dos países da OCDE. Entre 2015 e 2021, o país investiu cerca de 10 mil euros por estudante, um valor 1.700 euros abaixo da média. 

Portugal, comparando com a média da OCDE, gasta muito menos com os estudantes do ensino superior do que com todos os restantes níveis de ensino. Embora o gasto por aluno seja inferior ao valor médio dos países da OCDE, Portugal está em linha com a organização em relação ao investimento público na educação em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), com gastos a rondar os 5%.

Professores ganham mais do que outros licenciados

Nestes dados, destaca-se a posição de Portugal entre os únicos quatro países onde os professores de todos os níveis de ensino ganham mais do que a média dos profissionais de outros ramos com as mesmas habilitações. Os professores portugueses recebem mais 42% do que a média dos trabalhadores licenciados no país, um dado que se justifica pelo envelhecimento da população docente e consequente chegada ao topo da carreira docente. 

"Em quase todos os países e outros participantes com informação disponível, e em quase todos os níveis de ensino, os salários efetivos dos professores são mais baixos do que os dos trabalhadores com formação superior", sublinha a OCDE. Por exemplo, na Hungria os professores do ensino pré-primário são 55% inferiores ao dos profissionais licenciados, um valor que sobe para 60% para a Eslováquia.

Também ainda sobre os salários da classe docente em Portugal, o país regista uma das maiores diferentes entre os valores máximos e mínimos pagos aos professores. A OCDE refere que, na maioria dos países, onde os salários mínimos estão abaixo da média, os salários máximos seguem a mesma tendência, mas Portugal faz parte de um estrito lote de exceções à regra.

Os dados demonstram que há uma diferença de 36.917 euros de salário anual entre as remunerações mais baixas e mais elevadas da carreira docente. Os salários inferiores rondam os 31 mil euros anuais. A juntar-se a Portugal, está também a Colômbia e o Reino Unido, como países onde "os salários iniciais são pelo menos 9% inferiores à média da OCDE, mas os salários máximos são pelo menos 44% superiores".

Portugueses entre os que mais estudam

A OCDE escolheu destacar também que em Portugal a percentagem de pessoas entre os 25 e os 34 anos que concluíram o ensino superior aumentaram substancialmente no últimos anos, a subir dos 33% em 2015 para 44% em 2022.

Neste momento, em Portugal, o ensino superior "está a tornar-se tão comum como o ensino secundário ou o ensino pós-secundário não superior entre as pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos", refere o relatório acrescentando que, nesta faixa etária, já 31% das pessoas tem um diploma do ensino superior.

Estes números fazem do ensino superior o nível de escolaridade mais comum entre os jovens nesta faixa etária, o país tem ainda 17% de pessoas entre os 25 e os 34 anos sem o ensino secundário. Um valor três pontos percentuais superior à média da OCDE. 

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