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Uma fadista do Mundo

O que tem Portugal de único? Que serviços existem no País que são um modelo para outras nações? Que produtos fabricados em Portugal são referências de inovação? O Negócios foi à procura de respostas e está a publicar reportagens sobre aquilo em que o País é único. Hoje, falamos do fado, um bem que há muito distingue o País e que está a duas semanas de ser consagrado património imaterial da Humanidade.

14 de Novembro de 2011 às 23:30
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Realizando mais de 50 concertos por todo o Mundo ao longo do ano, Ana Moura mostra como o sucesso do fado já saltou fronteiras e tem grande potencial económico.

África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Singapura, Noruega... Foram mais de 50 os concertos que Ana Moura já deu este ano, o que a torna um dos mais destacados rostos da afirmação internacional do fado. A fadista de Coruche, no Ribatejo, passa a maior parte do tempo no estrangeiro e conta já com actuações ao lado dos Rolling Stones e de Prince.

"O meu último disco já foi editado em Portugal há mais de dois anos mas não sai ao mesmo tempo em todo o mundo. Por isso começo por fazer concertos cá mas depois vou lá para fora fazer a promoção do disco", explicou ao Negócios Ana Moura, acabada de chegar do Equador.

Com quatro anos apenas Ana Moura já frequentava um bar em Coruche, onde os pais gostavam de cantar aos fins-de-semana. Aos seis anos cantou o primeiro fado, mas só aos 20, depois de ter tido uma banda de "covers" e outra de pop/rock, Ana Moura deixou o curso de canto lírico na Academia porque começou a cantar à noite na casa de fados Sr. Vinho, em Lisboa.

Foi aí que os primeiros agentes de Ana Moura a ouviram. Provavelmente por serem holandeses, a fadista começou logo a viajar antes mesmo de editar o primeiro disco em Portugal, o que só aconteceu em 2003. Mas foi com o segundo disco - "Aconteceu" -, em 2004, que a carreira da fadista deu um salto. Foi nomeada para um Edison, o equivalente a um Grammy holandês, e em Fevereiro de 2005 recebeu um convite para actuar no Carnegie Hall, em Nova Iorque. "Chegar à Times Square e ver um cartaz enorme com a minha foto marcou-me muito. E lembro-me que fui à megastore e estavam pessoas a ouvir o meu disco. Fiquei, afastada, com os meus músicos a contemplar", contou.

Dois anos mais tarde recebeu um convite dos Rolling Stones para entrar no "Stones Project" e gravar com o baterista. No disco que foi gravado, o saxofonista Tim Ries escreve que "Ana é uma cantora e intérprete soberba que consegue tocar o coração e a alma de qualquer pessoa". Depois disso, os Stones convidaram-na para cantar com Mick Jagger em Alvalade. Em 2010 foi a vez de Prince convidar a fadista para subir ao palco consigo no Super Bock, Super Rock.

"É preciso também ter sorte. Na minha carreira nada está programado. Às vezes as coisas acontecem tão repentinamente que há aquela necessidade de usufruir do momento na plenitude", desabafa, deixando no ar que vai colaborar com outros artistas, sem revelar pormenores.

Foi o ritual da casa de fados que cativou Ana Moura no início, mas agora a fadista não consegue escolher onde gosta mais de cantar: se lá ou em grandes palcos. Uma coisa é certa: intimida-me mais cantar numa casa de fados porque nada nos separa do público".
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