Na opinião de Donald Trump, em entrevista ao The Wall Street Journal, a moeda norte-americana "está a ficar demasiado forte". Nos últimos dias, o índice que mede o desempenho do dólar face às principais congéneres mundiais tem estado a desvalorizar, a reflectir o elevar da tensão geopolítico relacionada com os mais recentes desenvolvimentos na Síria e na Coreia do Norte, mas a tendência de longo prazo tem sido de fortalecimento, algo que o presidente dos EUA vê com preocupação.

Não é a primeira vez que Trump exprime estes receios. Em Janeiro, pouco antes de tomar posse, ao comentar o valor de câmbio do dólar, disse estar "muito forte" em parte devido a uma desvalorização deliberada do yuan pela China. "As nossas empresas não podem competir com eles agora porque a nossa moeda está muito forte. E isso está a matar-nos a todos", disse.

Hoje, o novo residente da Casa Branca veio dizer, na sua entrevista ao WSJ, que a sua Administração não irá rotular a China de "manipuladora cambial" num relatório que irá ser divulgado esta semana.

Steven Mnuchin, a escolha de Donald Trump para liderar o Tesouro norte-americano, demarcou-se há muito dos comentários do presidente, ao considerar que uma moeda forte é "importante" para uma economia também forte.

Trump diz também, nesta entrevista, que preferiria que a Reserva Federal (Fed) mantivesse os juros em níveis baixos. No passado dia 15 de Março, recorde-se, o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Fed concluiu a reunião de dois dias de política monetária anunciando uma subida de 25 pontos dos juros directores, para um intervalo compreendido entre 0,75% e 1% - a terceira subida desde que a autoridade monetária iniciou o processo de normalização de política monetária.

Os membros da FOMC antecipam mais duas subidas dos juros este ano, indo assim ao encontro das expectativas do mercado, que apontam para três subidas dos juros este ano.

O presidente republicano afirma ainda que está aberto à possibilidade de renomear Janet Yellen como presidente da Fed quando o seu mandato chegar ao fim, no início do próximo ano. Estas declarações mostram uma mudança de posição relativamente ao que Trump disse durante a campanha para as presidenciais, quando avançou que "o mais provável" seria não nomear Yellen para um novo mandato.

O The Wall Street Journal salienta também que Donald Trump revelou uma viragem completa, face ao que disse na campanha, no que diz respeito ao seu apoio ao Export-Import Bank dos EUA. O presidente afirma, nesta entrevista, que pretende preencher dois lugares em aberto no conselho de administração do banco: "é uma coisa muito boa. E na verdade faz dinheiro e poderá fazer muito dinheiro", declarou.

Nesta entrevista, Trump diz igualmente que não está ainda determinado se a Rússia sabia do ataque com armas químicas levado a cabo no norte da Síria, no passado dia 7 de Abril, pelo regime de Bashar al-Assad.