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Trump cancela viagem à Dinamarca porque não lhe querem vender a Gronelândia

Mette Frederiksen avisou que não está disponível para debater uma possível venda da maior ilha do mundo, território dinamarquês, aos EUA. Em jeito de "birra", o presidente norte-americano decidiu adiar visita oficial.

Reuters
21 de Agosto de 2019 às 08:53
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O presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou a sua visita oficial à Dinamarca prevista para 2 e 3 de setembro. A decisão foi anunciada pelo próprio presidente norte-americano no seu canal favorito, o Twitter, e o motivo não podia ser mais claro: a primeira-ministra, Mette Frederiksen, já avisou que não está disponível para debater uma possível venda da Gronelândia, território dinamarquês, aos EUA. 

"A Dinamarca é um país muito especial, com pessoas incríveis, mas, com base nos comentários da primeira-ministra Mette Frederiksen, de que não teria interesse em discutir a compra da Groenlândia, vou adiar para outra altura a reunião prevista para daqui a duas semanas. Ao ser tão direta, a primeira-ministra permitiu economizar uma grande quantidade de dinheiro e esforço aos EUA e à Dinamarca. Agradeço-lhe por isso e espero poder marcar o encontro para outra altura", escreveu o chefe da Casa Branca, que tinha sido convidado para esta visita de estado pela rainha Margarida II.



A vontade de Trump em comprar a Gronelândia aos EUA tem sido uma das notícias em maior destaque nos últimos dias. Mas as intenções do presidente norte-americano esbarraram na intrasigência dinamarquesa. "A Gronelândia não está à venda. A Gronelândia não é dinamarquesa. A Gronelândia pertence à Gronelândia. Espero vivamente que isto não seja a sério", afirmou Mette Frederiksen ao jornal Sermitsiaq durante uma visita à maior ilha do mundo, já depois de ter sido noticiado que Trump estava a avaliar a aquisição "estratégica" do território.  

A resposta para o súbdito interesse do presidente dos EUA naquele território é simples: a abundância de recursos naturais. A camada gelada da Gronelândia está a desaparecer rapidamente devido às alterações climáticas – fenómenos que Trump tende a descredibilizar – e os primeiros efeitos já são visíveis: climatólogos preveem que 2019 vai ser "o maior ano de degelo" da ilha e, no passado dia 13 de junho, foi registada uma perda recorde de 2 mil milhões de toneladas de gelo, que representa 40% do total da sua área superficial. Por baixo desta cama de gelo, a Gronelândia esconde recursos como petróleo, gás natural e carvão, urânio, ouro, prata ou diamante que se poderão tornar rapidamente acessíveis com a erosão da superfície.

Mas não só os recursos naturais justificam este interesse: também a posição estratégica desta ilha podem justificar o interesse do presidente. A Gronelândia é considerada pelos Estados Unidos como um local estratégico crucial no ponto de vista militar. Tanto que uma das maiores bases militares norte-americanas fora de portas, a Thule Air Base, situa-se precisamente no noroeste da ilha, a cerca de 1200 quilómetros do Círculo Polar Ártico.

Durante a ocupação da Dinamarca pela Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) os Estados Unidos tomaram posições na Gronelândia e após o final do conflito instalaram a base área militar estrategicamente importante durante a Guerra Fria e que continua ativa. Em 1946, o então presidente norte-americano, Harry Truman, também tentou comprar a Gronelândia, tendo proposto pagar 100 milhões de dólares (cerca de 90 milhões de euros) em ouro. Uma proposta que a Dinamarca rejeitou. 
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