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Taxa de pobreza recuou para 16,4%, mas ainda ficou acima do pré-pandemia

Descida foi de dois pontos percentuais, refletindo a melhoria de rendimentos da população em 2021, após o forte embate da crise da covid-19 no emprego e rendimentos. Ainda assim, a reposição das condições não foi total.

Um quinto da população portuguesa pode ficar em risco de pobreza com a subida generalizada dos preços devido à guerra na Ucrânia.
Pedro Catarino
20 de Janeiro de 2023 às 11:35
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A percentagem da população em risco de pobreza diminuiu significativamente no inquérito aos rendimentos e condições de vida da população de 2022, praticamente anulando o efeito da pandemia, mas ficando ainda ligeiramente aquém.

 

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) desta sexta-feira, a taxa de pobreza ficou em 16,4%, recuando dois pontos percentuais relativamente ao ano anterior. Nos dados relativos aos rendimentos no ano pré-pandemia, 2019, a taxa de pobreza estava em 16,2%.

 

Os indicadores divulgados esta sexta-feira refletem os rendimentos da população em 2021.

 

Nesse ano, a mediana de rendimentos da população ficou em 11.014 euros, tendo recuado 0,7%. O limiar da pobreza consiste em 60% desta mediana, tendo ficado assim em 6.608 euros, ou 551 euros mensais.

 

Com rendimentos abaixo deste valor, após transferências sociais, encontravam-se cerca de 1,7 milhões de pessoas - menos do que as cerca de 1,9 milhões a viver com rendimentos a viver com menos de 554 euros em 2020 (o limiar de pobreza do ano anterior).

 

São menos 197 mil em risco de pobreza face aos dados conhecidos na edição anterior do inquérito às condições de vida e rendimento.

 

A redução na taxa de pobreza reflete, sobretudo o peso das transferências sociais, que em 2021 deram um maior contributo para suportar a população acima do limiar da pobreza.

 

Sem qualquer transferência social, a taxa de pobreza recuou de 43,5% para 43,3%, ou seja, apenas duas décimas.

 

Já contabilizado o efeito das pensões (onde entram prestações do sistema contributivo e do sistema não contributivo), a taxa de pobreza desce de 23% para 21,5%, recuando 1,5 pontos percentuais.

 

Finalmente, com todas as transferências sociais contabilizadas, a taxa de pobreza cai de 18,4% para 16,4%.

 

"As transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social contribuíram para a redução do risco de pobreza em 5,1 p.p. (de 21,5% para 16,4%), um contributo superior ao do ano anterior (4,6 p.p.)", reflete o INE.

 

Pobreza atinge 10,3% dos trabalhadores

 

De resto, foi entre os pensionistas que se deu a melhor evolução, com a taxa de pobreza a recuar de 18% para 14,9%, em 3,1 pontos percentuais, e ficando abaixo do nível anterior à pandemia.

 

Para os desempregados, a taxa de pobreza desceu de 46,5% para 43,4%, melhorando também 3,1%, mas mantendo-se acima do nível aferido para rendimentos de 2019 (era de 40,7%).

 

Considerando outros inativos, a taxa de pobreza desceu de 30,8% para 27,8%, descendo três pontos percentuais (28,9% nos dados pré-pandemia).

 

Já entre os trabalhadores, manteve-se um risco de pobreza acima dos 10%. Segundo o INE, a taxa de pobreza entre quem tem rendimentos de trabalho desceu dos 11,2% aos 10,3%, caindo 0,9 pontos percentuais, e ficando acima do valor pré-pandemia (9,6%).

Menos privações, excepto no aquecimento, na alimentação e férias

Onde se dá uma melhor evolução face à situação pré-pandemia é nos indicadores globais de privação material severa e da ligação das famílias ao mercado de trabalho, permitindo à taxa alargada de pobreza e exclusão social alcançar 19,4%, recuando três pontos percentuais e ficando abaixo do indicador pré-pandemia (20%).

 

A taxa de pobreza e exclusão social, que abarca famílias com privações em áreas como a alimentação ou o aquecimento da casa bem como aquelas que têm relações ténues ao mercado, está ao nível mais baixo desde 2017, ano em que tem início a série atual do INE.

 

Ao certo, em 2021 estavam em situação de pobreza ou exclusão social dois milhões de pessoas (2.006 mil), com menos cerca de 300 mil pessoas face aos dados relativos aos rendimentos de 2020.

 

A taxa de privação material e social severa recuou de 6% para 5,3% (5,4% antes da pandemia).  Neste capítulo, a generalidade dos indicadores melhorou, mas passou a haver mais famílias com dificuldades em ter a casa aquecida (17,5% face a 16,4% no ano anterior) e com incapacidade de ter uma refeição de carne ou peixe  pelo menos de dois em dois dias (3% face a 2,4% no ano anterior).

 

Aumentou também a percentagem de famílias que não consegue suportar uma semana de férias por ano (37,2% face a 36,6% no ano anterior).

Quanto à percentagem de famílias com intensidade laboral per capita muito reduzida, caiu de 5,2% para 4,6%, ficando também ao nível mais baixo em cinco anos.

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