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Sócrates: "Se o Estado não arquiva nem acusa, acuso eu"
Em conferência de imprensa, onde se recusou a responder a perguntas do Correio da Manhã, o ex-primeiro-ministro explicou o processo ao Estado e defendeu-se do que diz ser o terceiro andamento de uma investigação contra si: o caso PT.
Foi uma conferência de imprensa para se defender das últimas notícias que têm vindo a público, que dão conta das investigações do Ministério Público ao envolvimento de José Sócrates nos casos que envolveram a Portugal Telecom, no âmbito dos quais Ricardo Salgado já foi constituído arguido.
Momentos antes da conferência de imprensa, a SIC Notícias já avançava que José Sócrates iria processar o Estado pela demora na investigação. Mas nas declarações transmitidas pelas televisões Sócrates ainda não tinha explicado este processo.
Abuso, arbítrio e prepotência. Detenção abusiva. Maldosas imputações sem fundamento. Campanha de difamação e por fim motivação políticas. Tudo palavras de Sócrates na conferência de imprensa desta sexta-feira, 3 de Fevereiro, que já tinha por outras ocasiões referido serem o motivo, em seu entender, das investigações.
Questionado sobre o momento da conferência - no dia em que foi conhecido que Hélder Bataglia, que foi sócio do BES na Escom, foi constituído arguido na Operação Monte Branco - José Sócrates declarou que não havia relação com esse facto, mas cujo momento teve a ver com o que diz ser o terceiro andamento das investigações, depois de, segundo declarou, não ter sido provado qualquer crime nos dois primeiros: o que envolveu o grupo Lena e o do caso Vale do Lobo.
"Todo o processo de baseia num original embuste, numa das mais maldosas e dolorosas inverdades". Voltou a afirmar não ter contas escondidas e que o dinheiro é de Carlos Santos Silva de quem contraiu empréstimos (250 mil euros), mas que estão quase todos saldados. "Falta uma pequena parte", que conta pagar em breve e para isso deverá marcar uma reunião com ele. Os dois arguidos no caso Operação Marquês já não estão impedidos de falarem. Tem para com Santos Silva uma relação "fraternal".
Em relação à PT, Sócrates garante que as suspeitas são "totalmente falsas e absurdas". Sócrates garante que não se envolveu na OPA sobre a PT, e que o único caso em que se envolveu com relação à PT foi no chumbo da venda da Vivo à Telefónica, contrária, na altura, aos interesses dos privados, como o BES.
Na conferência de imprensa Sócrates recusou-se a responder a perguntas do Correio da Manhã por não confiar "na vossa independência".