Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Só na Segurança Social há 425 devolutos. Ao todo continua a não se saber quantos são

Inventário do património imobililário do Estado continua por fazer e a informação que existe é “limitada e pouco fiável”, não só em relação a operações mais antigas, mas também no que toca às atuais, alerta o Tribunal de Contas. Na Segurança Social há pelo menos 425 devolutos.

João Cortesão
03 de Outubro de 2023 às 12:20
  • ...

Ao longo de 2022, "não se verificaram progressos na inventariação do património imobiliário do Estado e a informação que consta do Relatório da Conta Geral do Estado (CGE)] é muito limitada e pouco fiável, mesmo quanto às operações do ano." A conclusão é do Tribunal de Contas (TdC) no parecer à CGE relativa a 2022, entregue esta terça-feira no Parlamento.  


Relativamente, em concreto, ao património da Segurança Social, dos 3.124 imóveis que detém, uma fatia de 425, quase 14% do total, encontram-se devolutos, o que "contraria uma utilização eficiente do capital existente", diz o Tribunal. 


E a questão torna-se mais premente numa altura em que os problemas da falta de habitação atingem níveis elevados e que são muitas as vozes a pedir a utilização de casas do Estado para trazer mais imóveis para o mercado.


As críticas à falta de inventário do património imobiliário do Estado repetem-se, ano após ano, sendo que o novo sistema de informação, previsto pelo Governo e "enquadrado no PRR", regista "atrasos devido a procedimentos ainda em curso e à falta de aprovação de peças contratuais, que têm condicionado a obtenção do respetivo financiamento", refere o TdC. 


Em causa está a implementação do Sistema de Informação de Gestão de Património Imobiliário Público (SIGPIP), que tem financiamento do PRR e deveria ter ficado concluído no final de 2021. A ideia é que venha a gerir a informação relativa ao património imobiliário público, mas a sua concretização está atrasada. 


Mas se o SIGPIP é importante, por si só não chega, prossegue o TdC. "Apesar de o novo sistema de informação ser fundamental, tal não dispensa a aprovação de um Programa de Gestão do Património Imobiliário e de um Programa de Inventariação", refere o Tribunal. Afinal, sublinha o parecer, "os últimos aprovados abrangeram o período 2009-2012". E estes dois programas, de gestão e de inventariação, além de estarem previstos na lei, são "essenciais para uma abordagem estratégica e integrada da gestão do património imobiliário".


"Omissões e inconsistências"

E se o Estado não sabe efetivamente que imóveis tem e em que localizações, mesmo no que toca às operações imobiliárias mais recentes, há informação em falha. "Quanto às operações imobiliárias do ano [de 2022], apurou-se uma receita de alienação de imóveis de 104 milhões de euros e despesa com terrenos, habitações e edifícios de 322 milhões, sendo de relevar omissões e inconsistências de 78 milhões de euros entre a informação do Relatório da Conta e a registada pelas entidades na execução orçamental", conclui também o TdC.


Também na conta da Segurança Social, igualmente analisada pelo TdC, são apontados problemas na gestão do parque imobiliário. O Tribunal fala em "fragilidades no controlo e contabilização dos bens imóveis".


"Verifica-se falta de relevação contabilística de imóveis e situações de imóveis relevados por valor nulo, bem como a não incorporação das obras de beneficiação nos respetivos números de imobilizado dos edificados e a não segregação do valor do terreno do valor do edificado", enumera o TdC. 


Quanto aos devolutos, trata-se de uma "situação que carece de avaliação, uma vez que os imóveis detidos pela segurança social devem ser utilizados na prossecução das suas atividades ou para a obtenção de rendimento", lembra o parecer do TdC. 


Por outro lado, o valor do património imobiliário da Segurança Social – os já referidos 3.124 imóveis – "tende a estar afastado do valor de mercado", avisa ainda o Tribunal, que aponta ainda a existência de "fragilidades no controlo e contabilização dos bens móveis, devido à sua incorreta classificação, bem como à falta de uniformidade e a erros na atribuição de vida útil, com impacto nas amortizações".

Ver comentários
Saber mais Segurança Social património imobiliário Tribunal de Contas devolutos Estado parecer Conta Geral do Estado
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio