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Riqueza global cresce em 2021 mas cada vez mais concentrada. Portugal é quinto país com maior perda de riqueza

O aumento da riqueza concentrou-se em apenas dois países: os Estados Unidos representam metade do total e a China um quarto do 'bolo'.

Miguel Baltazar
20 de Setembro de 2022 às 15:38
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A riqueza no mundo cresceu 9,8% em 2021, mas está cada vez mais concentrada em poucos, já que quase metade do dinheiro está nas mãos de 1% das pessoas, divulgou esta terça-feira o Credit Suisse Bank.

Segundo o estudo da instituição, a riqueza global somava, no final do ano passado, 465 mil milhões de euros, 45,6% dos quais eram propriedade de 1% das pessoas, o que representa mais 1,7 pontos percentuais do que em 2020.

Além disso, o aumento da riqueza concentrou-se em apenas dois países: os Estados Unidos representam metade do total e a China um quarto do 'bolo'.

O resto do mundo repartiu um quarto do valor restante, refere a análise do Credit Suisse Bank citada pela agência espanhola de notícias Efe. 

O aumento de 9,8% da riqueza num ano já está, no entanto, a ser corrigido pelas taxas de câmbio atuais, mas sem esse fator o crescimento chegaria aos 12,7%, o que representa a taxa anual de crescimento mais rápida já registada. Isto acontece num ano em que o mundo estava apenas a começar a recuperar da pandemia de covid-19.

O ano de 2021 "foi um bom ano para as finanças", comentou um dos autores da análise, Anthony Shorrocks, na apresentação do relatório anual de riqueza do Credit Suisse, citando o aumento das ações e a descida das taxas de juros fixadas pelos bancos centrais como principais razões para o cenário.

"É muito cedo para determinar o impacto que terão a guerra na Ucrânia, a inflação e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, que podem levar a uma reversão da tendência", referiu a responsável de análises do banco, Nannette Hechler-Fayd'herbe.

Mas mesmo que o aumento da riqueza das famílias trave a curto prazo, os analistas consideram que as projeções a cinco anos são positivas e esperam que a riqueza global de cada adulto aumente, em média, 28% até 2026, ultrapassando a fasquia dos 100 mil euros daqui a dois anos.

A riqueza média dos adultos aumentou, no ano passado, 8,4%, passando para 87,6 mil euros. 

Portugal sofre quinta maior queda na riqueza média

O Japão foi o país onde a riqueza média por adulto mais caiu em 2021, com um recuo de 14.502 dólares. Seguiram-se Itália, Bélgica, Turquia, Portugal e Grécia.

Já em termos de maior aumento da riqueza média, a Nova Zelândia registou um "salto" de 32%, ou 114.289 dólares, muito acima dos EUA, onde o valor subiu 73.630 dólares.

Os Estados Unidos e a China foram os maiores contribuintes para o crescimento da riqueza global no ano passado, o primeiro país com mais de 20 mil milhões de euros e a China com mais 11,3 mil milhões de euros.

Os dois países foram seguidos pelo Canadá (com mais 1,9 mil milhões de euros) e pela Índia e Austrália.

Portugal perdeu também 10 mil milionários no ano passado (com património acima de um milhão de dólares), passando de 169 mil para 159 mil.

Os Estados Unidos também estão no topo da lista de adultos considerados ultra ricos (com património líquido superior a 50 milhões de euros), enquanto a China reaparece em segundo lugar.

Em geral, o número de ultra ricos aumentou 21%, enquanto o dos "simples" milionários (os que têm mais de um milhão de euros) cresceu 9%, passando a incluir 62,5 milhões de pessoas.

Em 2021, surgiram mais 30.000 novos ultra ricos nos EUA, mais 5.200 na China, mais 1.750 na Alemanha, mais 1.610 no Canadá e mais 1.350 na Austrália, mas as saídas deste grupo foram escassas, sendo apenas citados o Reino Unido (com menos 1.130 pessoas), a Turquia (menos 330) e Hong Kong (menos 130).

Na base da pirâmide estão aqueles que tinham uma "riqueza" de menos de 10 mil euros em 2021 e que representam mais de metade (53%) da população mundial.

A Europa acumula a maior fatia de riqueza em termos regionais, atrás dos EUA e à frente da China, embora tenha aumentado apenas 1,7 mil milhões em 2021, uma fração dos 32,6 mil milhões de euros adicionados pelas duas maiores potências económicas juntas.
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