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Credit Suisse quer dividir banco em três e recorrer ao modelo "banco mau". Ações perdem mais de 1%
O Credit Suisse prepara-se para dividir a sua operação do banco de investimento em três unidades. Desde o início do ano, o banco já perdeu quase metade do valor em bolsa (-44,73%).
O Credit Suisse prepara-se para dividir a sua operação do banco de investimento em três unidades, de forma a contornar as perdas dos últimos três anos, avança o Financial Times, citando fontes conhecedoras do assunto.
O diário britânico refere que o banco liderado desde julho por Ulrich Körner pretende dividir o negócio de consultoria – que poderá ser autonomizado mais tarde –, isolar os ativos de risco num modelo de "banco mau" e uma terceira unidade com o resto do negócio.
Esta mudança deve ser comunicada no âmbito do anúncio da nova estratégia, que deverá ser revelada no próximo dia 27 de outubro, data em que o gigante suíço reporta as contas do terceiro trimestre. Espera-se que a nova estratégia inclua ainda o despedimento de cerca de 5 mil trabalhadores, segundo noticiou a Reuters no início deste mês.
O objetivo poderá ser evitar um aumento de capital. Em agosto, os analistas do Deutsche Bank salientaram, numa nota citada pelo Financial Times, que este tipo de decisão, que pode incluir "vender empresas mais pequenas", pode ajudar, mas provavelmente "já será tarde demais para evitar um aumento de capital".
Questionada pelo diário britânico, fonte oficial do Credti Suisse considerou "ser prematuro" tecer comentários sobre este assunto e recordou que "que vamos atualizar a nossa revisão estratégica quando anunciarmos os resultados do terceiros trimestre".
O banco registou entre abril e junho, um prejuízo de 1,59 mil milhões de francos suíços (1,63 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual), o terceiro prejuízo trimestral consecutivo. Ao mesmo tempo, a instituição tem sofrido várias mudanças em termos de direção. No início de agosto, o então CEO, Thomas Gottsein abandonou o cargo.
No princípio de 2022, o então presidente, António Horta-Osório, também se demitiu, na sequência da descoberta de uma violação das regras de quarentena impostas pela pandemia de covid-19. A saída do executivo português foi sucedida pela demissão do vice-presidente, Severin Schwan, por pressões dos principais acionistas do banco.
O Credit Suisse está ainda a tentar recuperar dos problemas provocados pela exposição às empresas de capitais Archegos e Greensill, que colapsaram em 2021. Desde o início do ano, o banco já perdeu quase metade do valor em bolsa (-44,73%). Esta quinta-feira, os títulos do banco perdem 1,02% para 4,867 francos suíços (cerca de 5 euros).