Notícia
Rendimento real das famílias cede 0,1% no primeiro trimestre
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, aumento das despesas fez recuar a taxa de poupança para 5,9% no arranque do ano.
Os apoios mobilizados para resposta à inflação não travaram, no primeiro trimestre, uma quebra real do rendimento das famílias, indica nesta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) com a divulgação mais detalhada das contas nacionais do arranque do ano. O período fica marcado por maior despesa, que cresceu acima dos rendimentos, com a taxa de poupança a recuar para 5,9%.
Segundo o INE, no primeiro trimestre o rendimento disponível per capita das famílias, ajustado para incorporar bens e serviços públicos como a comparticipação de medicamentos, diminuiu 0,1% em termos reais.
Esta evolução contrasta com um crescimento de 0,8% registado no trimestre final de 2022, marcado pelo pacote de apoios que incluiu uma prestação de 125 euros às famílias de rendimentos baixos e médios, bem como o complemento para pensionistas no valor de meia pensão, entre outros. Já no terceiro trimestre do ano passado, as famílias residentes enfrentaram uma quebra real nos rendimentos de 0,4%.
Segundo os dados do INE, em termos nominais e agregados, o rendimento disponível bruto das famílias registava no início de ano uma subida de 1,9%, marcada por um aumento no volume de remunerações em 2,7%. Já o consumo privado, mesmo abrandando, registou uma subida de 2,6% - que, devido à forte inflação, reflete sobretudo a evolução de preços, já que em termos reais o consumo subiu apenas 0,7%.
O crescimento da despesa acima dos rendimentos resultou, no ano acabado no primeiro trimestre, num recuo na taxa de poupança das famílias, que caiu para 5,9% (6,5% no final do quarto trimestre). O volume de poupança das famílias estava a cair em 8,4%.
O INE assinala que, na evolução do rendimento das famílias, as prestações sociais tiveram desta vez uma contribuição negativa, tal como os impostos. O grande contributo para o crescimento de 1,9% registado veio da evolução dos salários, havendo ainda um pequeno apoio vindo dos rendimentos de propriedade.
Recorde-se que, neste ano, apenas em março foram lançadas novas medidas de apoio às famílias, após a notícia de um desempenho melhor que o esperado nas contas públicas (défice de 0,4 em 2022). O pacote, no valor inicial de 2.500 milhões de euros, incluiu novas prestações para as famílias mais vulneráveis, uma atualização intercalar de 1% nos salários da função pública, a redução do IVA de bens essenciais e um novo apoio às rendas, entre outras medidas. Mas já só no segundo trimestre é que estes apoios ao rendimento das famílias começaram a ser pagos.
Relativamente ao investimento das famílias, essencialmente em habitação, o INE nota na publicação desta sexta-feira que este está a recuar 1,1% (crescia 0,6% no quarto trimestre). A taxa de investimento das famílias – em percentagem do rendimento disponível – recuava para 5,9% (6% no quarto trimestre).
Devido à quebra da poupança, a capacidade de financiamento das famílias passou de 0,6% do PIB no final de 2022 a 0,4% do PIB no início deste ano.