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Reino Unido responde a Fauci e diz que regulador é “padrão de excelência” em todo o mundo
O ministro que elogiou o facto de o Reino Unido estar a liderar "o ataque da humanidade" contra a covid-19, sai agora em defesa do regulador britânico, que é o "padrão da excelência" da regulação a nível mundial.
Depois de vários especialistas da Europa e Estados Unidos terem demonstrado reservas sobre a rapidez com que o Reino Unido aprovou a vacina da Pfizer e BioNTech, o governo apressou-se a sair em defesa do seu regulador, a Autoridade Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês), que se adiantou em relação a todos os outros países no "ok" à vacina contra a covid-19.
A Autoridade Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde é vista como "padrão de excelência da regulação por cientistas internacionais, pessoas de todo o mundo", afirmou esta sexta-feira o ministro da Economia, Energia e Estratégia Industrial, Alok Sharma, em declarações à Sky News. "As pessoas podem estar realmente confiantes de que esta vacina é segura. Se não fosse segura, não seria distribuída".
O regulador britânico tornou-se esta quarta-feira, 2 de dezembro, o primeiro do mundo a aprovar o uso da vacina da Pfizer e BioNTech, apenas dois dias depois de as farmacêuticas terem feito chegar ao regulador europeu o pedido de autorização de emergência.
Esta rapidez tem sido alvo de críticas vindas dos dois lados do Atlântico, com o Reino Unido a ser acusado de tornar a vacina uma questão "nacional" e, mais do que isso, uma questão "política".
O mesmo ministro britânico que saiu em defesa do regulador já se havia regozijado com o facto de o Reino Unido ter "liderado o ataque da humanidade contra esta doença", enquanto o ministro da Educação, Gavin Williamson, foi mais longe, dizendo que o Reino Unido venceu a corrida para aprovar uma vacina contra a covid-19 porque é um "país melhor" do que os outros.
"Temos as melhores pessoas neste país e obviamente temos o melhor regulador médico, muito melhor do que os franceses, muito melhor do que os belgas, muito melhor do que os americanos", afirmou ontem Gavin Williamson, em declarações à Rádio LBC. "Isso não me surpreende de forma alguma, porque somos um país muito melhor do que qualquer um deles".
Peter Liese, membro do comité de saúde pública do Parlamento Europeu, disse que a aprovação do regulador britânico foi "precipitada", e Anthony Fauci, especialista norte-americano em doenças infecciosas sugeriu que a "pressa" poderia sinalizar falta de rigor.
O Reino Unido fez uma espécie de atalho na maratona "e juntou-se a ela no último quilómetro", disse Fauci em entrevista à CBS News. "Pegaram nos dados da e, em vez de os examinarem com muito, muito cuidado, disseram ‘ok, vamos aprovar. É isso'".
Perante as críticas, a própria CEO da MHRA, June Raine, já se viu obrigada a esclarecer os métodos do regulador, dizendo que um processo de "revisão contínua" permitiu agir rapidamente para aprovar a vacina.
"Uma revisão contínua pode ser usada para completar a avaliação de um medicamento ou vacina promissor numa situação onde o tempo é essencial, no menor tempo possível", disse Raine.