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"Quem ganha as eleições é que vai para o Governo"

Ganhando as eleições, Sócrates não aceita ser ultrapassado por uma maioria de direita. Vai para o Governo quem ganhar as eleições, diz

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José Sócrates não admite um cenário em que o PS ganhe as eleições mas, por estar isolado, sem apoios de outras forças parlamentares, Cavaco Silva emposse um governo de maioria PSD/CDS.

Embora as sondagens estejam longe de descartar este cenário aritmético, no debate para as legislativas que esta noite o opõs a Jerónimo de Sousa, o primeiro-ministro foi taxativo quanto à posição que o Presidente da República deveria assumir: "Não vejo isso como uma solução. Quem ganha as eleições é que vai para o governo", afirmou, mesmo na recta final do um encontro onde a troca de argumentos ocorreu em ambiente morno.

O líder do PS diz também que "não está nas competências do Presidente da República decidir à cabeça" se dá ou não posse a um governo minoritário. Poderá fazê-lo depois das eleições, mas antes disso não faz sentido.

De resto, José Sócrates, com quem o PSD e o CDS-PP já garantiram que não governarão, diz que não foi esta a mensagem que ouviu de Cavaco Silva no seu discurso de 25 de Abril. O que o primeiro-ministro cessante ouviu do Presidente da República foi um apelo ao diálogo e à concertação entre forças partidárias. O mesmo diálogo para o qual o líder do PS se diz disponível para que se possam arranjar soluções conjuntas para o País.

Foi precisamente com esta mensagem conciliatória, contra "radicalismos", que Sócrates escolheu para fechar o debate com Jerónimo de Sousa.

Estado Social em disputa

Antes disso, os dois líderes estruturaram o debate em torno de mensagens que já são tradição no debate político entre os dois partidos. Para o PCP, e tirando ligeiras nuances, o PS é um partido que não se diferencia das políticas da direita. Para os socialistas o PCP é um partido radical que não tem um programa realista para o País.

Foi ao programa eleitoral do PCP, mais concretamente à proposta dos comunistas de reestruturação da dívida e ao seu plano de nacionalizações que José Sócrates foi buscar exemplos de radicalização.

Para o líder do PS, uma reestruturação da dívida “pagar-se ia em pobreza, miséria e desemprego”. Nacionalizar a banca e seguros, energia, água, saneamento e resíduos, indústrias básicas e telecomunicações”, como propõem os comunistas, é “um regresso ao passado”, atirou.

Jerónimo de Sousa defendeu-se perguntando se “quer fazer acreditar aos portugueses que com a economia em recessão, com o aumento do desemprego, vai ser capaz de cumprir essas obrigações”, e lembrando a situação grega, cujo governo já terá admitido em renegociar a sua dúvida.

Ao ataque sobre as nacionalizações, responde com ironia: “Sócrates que fica com urticária ao falar-se em privatizações foi tão lesto em nacionalizar o BPN”, atirou ao primeiro-ministro demissionário. Já para o líder do PCP, o PS é um partido com políticas de direita e, a prová-lo está o seu historial de delapidação do Estado Social. Exemplos: os cortes no subsídio de desemprego, retirada de apoios sócias às famílias.

“Sócrates tem uma forma esquisita de defender o Estado social”, ironizou o líder do PCP, que, mais tarde no debate, acrescentaria outros exemplos à lista de desfalques no ideário de esquerda: “A banca, sector financeiro são os responsáveis pela crise. Qual é a austeridade desse sector? A quem é exigida a austeridade e quem é que vai receber o dinheiro? Este é que é o escândalo”, aponta Jerónimo de Sousa.


José Sócrates argumentou que foi o seu partido a introduzir a tributação das mais-valias mobiliárias em sede de IRS, a aumentar o salário mínimo, a adoptar o complemento solidário para idosos, a lançar uma taxa sobre a banca. Tudo medidas que diz serem de esquerda, e que o PCP, por táctica eleitoral, nunca elogiou.

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