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Queda na compra de bens de luxo soma-se aos sinais de recessão

Imobiliário, retalho, carros clássicos nos leilões e arte: nos Estados Unidos, a aquisição de bens de luxo está em declínio.

29 de Agosto de 2019 às 11:59
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Os hábitos de consumo da classe média mantêm-se, mas os consumidores das classes mais altas estão a recuar nas suas despesas, dizem os economistas, que apontam para um declínio na aquisição de bens de luxo, conta a CNBC.

O imobiliário de luxo norte-americano está a ter o pior ano desde a crise financeira. Zonas privilegiadas como Manhattan têm visto as vendas decrescer nos últimos seis trimestres. A aquisição de casas acima de 1,5 milhões de dólares caiu mais de 5% nos Estados Unidos, só no segundo trimestre, de acordo com os dados da Redfin.

A contenção também se faz notar junto dos retalhistas mais premium. As receitas da Nordstrom estão a ceder há três trimestres consecutivos e a Barney’s está em processo de insolvência. Paralelamente, o Wal-Mart e a Target, cadeias de massas, estão a superar as expectativas tanto no crescimento como no número de clientes.

Outra frente em travagem são os leilões de carros. A Pebble Beach, conhecida por quebrar sucessivos recordes de preços, deixou por vender os carros mais caros. Menos de metade dos automóveis com preço igual ou acima de um milhão de dólares foram vendidos. Abaixo dos 75.000 dólares, a história foi inversa, e as compras fluíram com rapidez.

Nem tudo são más notícias: mudanças ao nível fiscal no imobiliário norte-americano podem ser um importante fator na retração dos consumidores. E, por outro lado, as vendas de carros novos de luxo, relógios suíços e itens de moda mantêm o vigor.

Contudo, "se os consumidores de rendimento elevado se retraírem mais nas suas despesas, existirá uma ameaça significativa para o crescimento económico", declarou um economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, à CNBC. Os 10% mais ricos são responsáveis por quase metade do consumo, de acordo com a Moody’s, e as suas despesas têm diminuído nos últimos dois anos. No mesmo período, as poupanças dos mais abastados mais do que duplicaram.

Esta retração tem sido "mascarada" por um aumento do consumo da classe média e média-alta, mas, no caso de o crescimento abrandar e o desemprego aumentar, o resultado expectável será uma recessão económica, defende o mesmo responsável da Moody’s.

Por detrás das alterações de consumo dos mais ricos estará, sobretudo, a volatilidade dos mercados e o abrandamento do crescimento a nível mundial. Isto, tendo em conta que os 10% mais ricos possuem 80% dos títulos acionistas cotados nos Estados Unidos, pelo que são mais sensíveis às recentes oscilações de preços. Além disto, muitos dos mais ricos são donos de negócios multinacionais, pelo que se apercebem do clima económico mais cedo do que o comum cidadão.

Os sinais da recessão

A queda nas bolsas e a volatilidade que se faz sentir nos mercados é um dos indicadores dos receios que se têm vindo a sentir a nível económico. Uma evolução que tem estado muito ligada ao ritmo das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China. Ainda nos mercados, a queda das cotações do petróleo relacionada com receios relativos à procura – tendo os preços do barril chegado a entrar recentemente em mercado urso, com um declínio de mais de 20% desde o último pico – e as sucessivas subidas do ouro, um ativo-refúgio por excelência, também refletem o sentimento negativo.

Com "sede" nos Estados Unidos, está aquele que tem sido avançado como o sinal mais forte de recessão: a inversão da curva de rendimentos da dívida norte-americana, que antecipou todas as recessões dos últimos 40 anos.

Do lado da Europa, os dados económicos também não têm sido positivos. A maior potência europeia, a Alemanha, registou, entre abril e junho, a maior queda nas exportações em seis anos, e o PIB contraiu 0,1% no segundo trimestre. O Eurostat confirmou que, muito influenciada pela contração na Alemanha, a economia europeia desacelerou no no mesmo período.

Por fim, pesa ainda a postura dos bancos centrais: a Fed desceu os juros este ano, pela primeira vez numa década, e o BCE deverá seguir o mesmo caminho em setembro. Bancos centrais de países como o Brasil, Suíça, Rússia, Reino Unidos, Nova Zelândia, Austrália e Índia também alinharam na mesma estratégia de estímulos.

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