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PSD: Marcelo fez leitura correta ao afastar para já dissolver Parlamento

"Há imperativos de governação imediatos, que não podem perder tempo", considera Luís Montenegro, que concorda que deve afastar-se, para já um cenário de dissolução do Parlamento, que obrigaria a novas eleições.

07 de Janeiro de 2023 às 14:49
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O líder do PSD considerou hoje que o Presidente da República fez a leitura correta ao afastar para já um cenário de dissolução do Parlamento, salientando que eleições antecipadas só podem acontecer por implosão do próprio Governo.

Luís Montenegro assumiu esta posição em conferência de imprensa, em Lisboa, no final da primeira reunião do novo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD -  órgão consultivo do partido com uma equipa de coordenadores, presidida pelo antigo líder da JSD e ex-secretário de Estado Pedro Duarte.

Na conferência de imprensa, o presidente do PSD foi questionado sobre afirmações proferidas na sexta-feira ao fim da tarde pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, avisando que não contem consigo para a dissolução do Parlamento.

"Contam comigo para ter o mesmo comportamento institucional que tive durante sete anos", contrapôs o Presidente da República.

Perante esta posição, o líder social-democrata afirmou que o Presidente da República "tem a leitura política correta no sentido em que não desconhece que houve eleições há menos de um ano, não desconhece que há condições de governação excecionais - o Governo não tem qualquer dificuldade [institucional] em executar o seu programa - e também reconhece que há imperativos de governação imediatos, que não podem perder tempo".

"O país está distraído há várias semanas à conta exclusivamente de casos de grande relevância que ocorrem dentro do Governo. E um executivo não deve ser notícia pelos seus casos, mas, sim, pelas suas decisões e pelos resultados alcançados para o desenvolvimento do país", observou.

Ora, para Luís Montenegro, o Presidente da República fez um apelo para que o Governo governe, cumpra a sua tarefa e não se distraia mais por culpa própria no enfraquecimento dos seus protagonistas".

"Infelizmente, o Governo ainda não resolveu os problemas, já que temos dois ministros [da Agricultura, Maria do Céus Antunes, e das Finanças, Fernando Medina] combalidos politicamente e também por incapacidade de deixar sem equívocos a resposta às responsabilidades que impendem sobre eles", declarou, aqui numa alusão aos casos TAP e da demissão da secretária de Estado Carla Alves.

Interrogado se concorda com o chefe de Estado quando este entende estar ultrapassada a instabilidade dentro do executivo socialista, o presidente do PSD assinalou que Marcelo Rebelo de Sousa, em rigor, entende sim que "está ultrapassada a possibilidade de haver uma interrupção da legislatura - e isso ficou resolvido na quinta-feira com a votação da moção de censura" apresentada pela Iniciativa Liberal.

Para o líder do social-democrata, "não há nenhuma razão", neste momento, para uma dissolução do Parlamento e para que a legislatura não se cumpra, a menos que se assista a uma "implosão" do Governo de António Costa e da maioria absoluta socialista na Assembleia da República.

"A normalidade é termos eleições legislativas em 2026. Tudo aquilo que contrarie essa normalidade não depende de nós, depende antes da incapacidade, da ineficácia, da incompetência e da desintegração do Governo. Infelizmente, com uma taxa de inflação elevadíssima, com serviços de saúde sem capacidade de resposta, com professores desmotivados e em falta em várias escolas, com asfixia fiscal e com instrumentos de financiamento extraordinários e cruciais, como o PRR e o Portugal 20230, com uma maioria absoluta no parlamento, o que se esperava era que o Governo estivesse concentrado em governar", afirmou.

Confrontado com um tipo de tese que defende que o PSD não lidera a oposição, Luís Montenegro respondeu: "Estou preocupado em liderar o Governo".

"A minha grande preocupação é focar-me na oposição ao PS e ao Governo para ser uma alternativa credível, forte, mobilizadora e vencedora. Até há dez dias, todos os intervenientes públicos (comentadores, analistas ou jornalistas) afirmavam sem divergência que o PSD, com esta direção, estava mais proativo, com uma oposição mais presente e veemente, reagindo mesmo em cima da situação política. Ora, isso não mudou em dez dias só pela razão de o PSD ter decidido abster-se na votação de uma moção de censura apresentada por um partido [Iniciativa Liberal. Sei que se quer criar esse clima, mas nada mudou nos últimos dias e somos naturalmente os líderes da oposição", reagiu o líder social-democrata.
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