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Paul Krugman revisita as suas previsões sobre a crise

Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, confessa-se. Onde acertou, o que não previu? ”Ainda que não haja dúvidas de que cometi erros, creio que, em geral, acertei, sobretudo porque nunca deixei que as preocupações correntes me afastassem da macroeconomia“, diz numa coluna do The New York Times, citada pelo El País.

Bruno Simão/Negócios
22 de Junho de 2015 às 18:33
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O professor de Princeton e Prémio Nobel da Economia em 2008 faz um balanço dos 10 anos em que escreveu sobre a crise financeira. Previu a bolha imobiliária, mas não conseguiu antever o impacto que esta teria. Foi um firme defensor de que as políticas expansionistas da Reserva Federal norte-americana não representavam um risco de aumento de inflação, contrariamente aos receios da direita e à insegurança dos centristas e da esquerda. No entanto, as suas previsões de um risco eminente de deflação, ao estilo japonês, não se concretizaram.

Krugman previu também que a austeridade seria prejudicial, sustentado na crença de que os multiplicadores fiscais eram altos, o que, diz, veio a comprovar-se. O economista alertou igualmente para a insuficiência dos estímulos à economia norte-americana e para as consequências duradouras disso mesmo. No fim, conclui, "infelizmente, tinha razão".

Nas suas previsões, sustentava ainda que o ajuste de preços relativos dentro da Zona Euro seria extremamente difícil e salientou que os países que pudessem levar a cabo desvalorizações da moeda teriam um percurso facilitado.

Por fim, deixa ainda uma palavra sobre o programa norte-americano de saúde, o Obamacare." No meu livro de 2007, Consciência de um liberal, defendi, sem originalidade, que um sistema de saúde de mandatos, regulação e subsídios, ao estilo da Lei de Cuidados de Saúde Acessíveis, ainda que não pudesse construir-se no nada, funcionaria nos Estados Unidos", afirma.

Além de não ter calculado a real magnitude do rebentar da bolha imobiliária e de erradamente ter receado uma crise deflacionista, Krugman acrescenta que "sobrestimou o risco de ruptura" na Zona Euro porque entendeu mal a economia política. "Não levei em conta que as elites europeias estariam dispostas a impor um sofrimento generalizado, em nome da permanência na união monetária", explicou. Por fim, na sua lista de falhas inclui que "passou ao lado da importância da liquidez e escassez de dinheiro para impulsionar os preços de títulos da zona euro", salientando o papel fundamental do Banco Central Europeu como credor de último recurso.

Finda a análise, Krugman faz um ‘mea culpa’, mas salienta que a maior parte da sua leitura macroeconómica sobre a crise estava correcta, e aponta o dedo a quem se deixa levar pelas "preocupações da moda". "Ainda que não haja dúvidas de que cometi erros, creio que, em geral, acertei, sobretudo porque nunca deixei que as preocupações da moda me afastassem da macroeconomia básica".

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