De acordo com os dados do Relatório e Contas de 2023, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pode ter um "buraco" de 100 milhões de euros, avança a Renascença esta quarta-feira. O documento aponta para transferências de mais 31,4 milhões de euros e garantias bancárias ou cartas de conforto para empréstimos perto dos 17,6 milhões, somando-se a isso os mais de 49 milhões de euros investidos na Santa Casa Global (empresa criada para explorar o jogo fora do país) que foram dados como perdidos. 
 
Além disso, foram também transferidos quase 30 milhões paraa compra de 55% do hospital da Cruz Vermelha e mais de 13 milhões de euros para a Sociedade de Apostas Sociais (SAS), proprietária da Placard.pt. Tudo somado, a Santa Casa de Lisboa tem cerca de 99 milhões por recuperar.

O relatório mostra também que desde 2019 a gestão corrente da Santa Casa de Lisboa é feita com recurso a uma almofada financeira, que entretanto já perdeu 176 milhões de euros. Quando Ana Jorge assumiu funções, em maio de 2023, a Santa Casa já acumulava prejuízos com a internacionalização, a concorrência no jogo online e a assistência prestada durante a pandemia. Em resposta aos custos com a Covid-19, no ano passado recebeu uma transferência do Estado de 34,6 milhões. 

Esta quarta-feira Ana Jorge é ouvida no Parlamento. A antiga provedora abandonou o cargo com um salário anual de 135 mil euros, depois de ter sido aumentada em 3% este ano.