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"Quebra de confiança nos EUA" e sombra da recessão ajudam desvalorização do dólar

O impacto das tarifas e a incerteza provocada nos mercados tem levado a uma desvalorização da divisa norte-americana. Para Joana Vieira, da Ebury Portugal, o facto de o mundo não estar tão centrado nos Estados Unidos neste momento pode ser positivo para a Europa.

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O dólar continua em dificuldades esta segunda-feira, depois de ter caído para mínimos de três anos na sexta-feira, e numa altura em que os investidores continuam bastante apreensivos com o futuro económico dos Estados Unidos. Essa desconfiança, considera Joana Vieira, partner da Ebury, resulta deste "período de elevado stress de mercado e incerteza".

"Estamos a assistir a uma forte desvalorização do dólar e o principal fator por detrás deste comportamento poderá ser eventualmente a quebra de confiança nos Estados Unidos. E porque é que isto aconteceu? Se por um lado, temos a preocupação dos investidores com o efeito negativo que as tarifas possam ter na cadeia de abastecimento, numa possível desaceleração do crescimento da economia e uma possível estagflação, que poderá levar a uma recessão nos EUA; por outro lado, também temos o fator da imprevisibilidade das políticas erráticas de Trump, que tem mostrado aqui alguma falta de solidez na forma como toma as suas decisões", começa por explicar em entrevista ao Negócios no NOW.

Estes dois fatores combinados levaram a uma venda agressiva do dólar, mas também a vendas de títulos do tesouro e de ações, algo "raro de vermos, esta venda em simultâneo, e muito menos em períodos de crise. Portanto, os ativos nos Estados Unidos são considerados ativos seguros e isto não seria algo expectável. Os investidores têm procurado um refúgio noutro tipo de investimentos. Vimos que se viraram não só para o franco suíço, como para o iene japonês e recentemente para o euro".

Além disso, lembra Joana Vieira, "aumentou a expectativa de vermos cortes das taxas de juro pela Fed este ano e, claro que toda esta instabilidade, a queda das bolsas, a volatilidade agressiva, acabou por também penalizar a moeda".

Questionada sobre se o dólar pode deixar de ser a moeda de referência mundial, Joana Vieira acredita que "esta volatilidade poderá atenuar-se nos próximos tempos e a verdade é que o dólar, como tem sido visto como um porto seguro pelos investidores, poderá voltar a retomar este estatuto em breve. Mas claro que tudo dependerá do futuro das negociações, especialmente entre os Estados Unidos e a China, que são aqui o principal fator de incerteza neste momento".

Perante esta desvalorização do dólar, o euro tem saído beneficiado. Na manhã desta segunda-feira, o euro avançava 0,29% para 1,1388 dólares, depois de ter alcançado máximos de três anos na sexta-feira. Já face ao franco suíço, a divisa norte-americana estava a conseguir recuperar ligeiramente das perdas registadas na semana passada, quando atingiu mínimos de quase dez anos.

"Os investidores estão a olhar para o euro como uma moeda segura e líquida, portanto está a ser vista como uma alternativa face ao dólar. O que explica esta valorização do euro é também um redirecionamento do investimento dos Estados Unidos para a Europa através da venda de ações, venda de obrigações. O facto de o mundo não estar tão centrado nos Estados Unidos neste momento também será positivo para a Europa", defende Joana Vieira.

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