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Portugal e Senegal:"Aliados estratégicos" com "novo capítulo" nas relações económicas, diz Marcelo

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu-se na quarta-feira a Portugal e ao Senegal como "aliados estratégicos", em domínios como a língua e a segurança, com "um novo capítulo" nas relações económicas.

O Presidente da República recordou o antigo chefe de Estado Mário Soares, acima de tudo, como um 'lutador da liberdade', e defendeu que Portugal tem o dever de combater pela 'imortalidade do seu legado'. Numa declaração de cerca de quatro minutos, lida na Sala das Bicas do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que 'Mário Soares nasceu e formou-se para ser um lutador e para ter uma causa para a sua luta: a liberdade', e considerou que esse foi 'o penúltimo combate' que travou. 
'Resta a Mário Soares, como inspirador, travar o derradeiro combate, aquele em que estamos e estaremos todos com ele: o combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum, que o mesmo é dizer, o combate da imortalidade do seu legado, um combate que iremos vencer, porque dele nunca desistiremos, tal como Mário Soares nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre. E, no que era decisivo, ele foi sempre vencedor', acrescentou.
'Travado o seu penúltimo combate, partiu do nosso convívio de todos os dias o Presidente Mário Soares', declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início da sua intervenção.
De gravata preta, o Presidente da República relembrou momentos marcantes da vida política de Mário Soares, dizendo que, 'como toda a personalidade de eleição, conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante', e lembrando também que teve ao seu lado 'Maria de Jesus Barroso, sua mulher e sua companheira de luta', que morreu em 2015.
'Há imagens únicas que ninguém esquecerá: a presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exílio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na Fonte Luminosa, o debate com Álvaro Cunhal, a disponibilidade para servir como primeiro-ministro em duas crises financeiras graves, a tenacidade no termo da primeira volta das presidenciais de 86, o calor irrepetível no encontro com os portugueses nas presidências abertas, a alegria no diálogo com as gentes da cultura, o sonho de um Timor-Leste independente, a presença na manifestação contra intervenção no Iraque', referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou, acima de tudo, o antigo chefe de Estado, como um lutador pela liberdade, em Portugal, na Europa e no mundo: 'Foi em homenagem à liberdade que se viu perseguido, preso e deportado, e viveu no exílio até 1974. Que por ela se bateu durante os conturbados anos da revolução. Que liderou um partido, fez ouvir a sua voz nos parlamentos, português e europeu, chefiou vários governos, presidiu aos destinos da pátria'.
'Mas foi sobretudo como lutador da liberdade que se revelou determinante a criar a nossa democracia, a votar a nossa Constituição, a ver a lusofonia como comunidade de Estados soberanos e irmãos, a pedir a adesão às Comunidades Europeias e a subscrevê-las, sonhando com uma Europa das pessoas e da solidariedade. A abrir a nossa diplomacia ao mundo, a condenar as violações dos direitos humanos e as intolerâncias internacionais. A defender a igualdade que permitisse a verdadeira liberdade, num quadro de um socialismo democrático', completou.
Bruno Simão
13 de Abril de 2017 às 01:05
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Marcelo Rebelo de Sousa falava numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente senegalês, Macky Sall, depois de os dois se terem reunido no palácio presidencial, em Dacar, no primeiro dia da sua visita de Estado ao Senegal.

 

Segundo o chefe de Estado português, no plano empresarial, "está aberto um novo capítulo", em que existe "interesse do Senegal no investimento de Portugal" e "as empresas portuguesas que estão no Senegal querem investir mais". Também "Portugal está interessado no investimento do Senegal", disse.

 

De acordo com o chefe de Estado português, que falou quase sempre em francês, a língua oficial no Senegal, "há muitos projectos que estão em curso e outros vão arrancar".

 

Sem avançar detalhes, afirmou: "No domínio do espaço, o encontro entre os dois países pode, no quadro multilateral, ter efeitos muito próximos. Há projectos económicos, uns em curso e outros que podem arrancar". "Há condições para ir mais longe no domínio do intercâmbio cultural, científico e tecnológico, nomeadamente nas novas tecnologias", acrescentou.

 

Por sua vez, o Presidente senegalês convidou as empresas dos dois países "a explorar todas as oportunidades que o Plano Senegal Emergente oferece, sobretudo na dimensão das parcerias público-privadas".

 

Marcelo Rebelo de Sousa salientou a importância da língua portuguesa no Senegal, que é membro observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem milhares de alunos a estudar português, e considerou mesmo: "Vocês são um país lusófono".

 

Em matéria de segurança e defesa, declarou: "Trabalhamos juntos no Golfo da Guiné, e ali há uma aliança estratégica, política e militar, como no Mali. Estamos juntos". "Somos aliados estratégicos no que respeita à relação entre Europa e a África, e nesse dossiê importante das migrações", prosseguiu, considerando que "resolver o problema das migrações" implica "o desenvolvimento económico, social, cultural, o reforço da paz, a estabilização política em África".

 

Marcelo Rebelo de Sousa saudou ainda o Senegal pelo apoio à candidatura de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas, e Macky Sall congratulou-se com a sua eleição, felicitando Portugal. "Isto representa uma aliança estratégica, não somente política, militar, ou mesmo económica, mas cultural. E essa aliança dura há muito, muito tempo", resumiu o Presidente português.

 

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