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Portugal antes da covid-19: Vendas a retalho disparavam 8% e indústria recuperava pelo quarto mês
Os dados do INE divulgados esta segunda-feira mostram que a atividade económica continuava a recuperar antes da pandemia. Contudo, o instituto de estatísticas alerta desde já que as tendências vão alterar-se "substancialmente nas próximas divulgações".
A economia portuguesa estava a recuperar quando foi assolada pela pandemia do novo coronavírus, neste mês de março. Prova disso são os dados revelados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que mostram que, em fevereiro, as vendas no comércio a retalho dispararam 8,1% face ao mesmo mês do ano passado - a maior subida em pelo menos 12 meses – e a produção industrial cresceu 1%, recuperando pelo quarto mês consecutivo.
O INE salienta, porém, que "é de esperar que as tendências aqui analisadas se alterem substancialmente nas próximas divulgações",devido à pandemia do covid-19, que forçou uma quase paralisação da atividade económica.
O organismo nacional de estatística acrescenta ainda que, apesar da expectável "perturbação associada ao impacto da pandemia na obtenção de informação primária", tentará manter o calendário de produção e divulgação de estatísticas e apela "à melhor colaboração das empresas, das famílias e das entidades públicas na resposta às solicitações do INE" para que possa garantir "a qualidade das estatísticas oficiais, particularmente a sua capacidade para identificar os impactos da pandemia Covid19".
Olhando para os dados do comércio a retalho, o crescimento das vendas passou de 4%, em janeiro, para 8,1%, em fevereiro, com o contributo positivo tanto dos bens alimentares como dos bens não alimentares.
Nos produtos não alimentares, a subida acelerou 3,4 pontos percentuais para 7,7%, enquanto nos produtos alimentares acelerou4,9 pontos percentuais para 8,6%, refletindo provavelmente algumas compras antecipadas pelos portugueses, com receio da pandemia do novo coronavírus, como sublinha o INE. "Pese embora o período de referência da informação deste destaque seja anterior ao desencadear da pandemia Covid19 em Portugal, é possível que os resultados reflitam alguns comportamentos de antecipação de compras, nomeadamente de bens alimentares", detalha.
Neste setor, o emprego e as remunerações aumentaram, respetivamente, 2,9% e 4,9% em termos homólogos, enquanto as horas trabalhadas subiram 2,7%.
No que respeita à indústria, fevereiro foi o quarto mês consecutivo de subidas homólogas, ainda que o crescimento registado tenha sido inferior ao do primeiro mês do ano.
Depois da subida de 2,3% verificada em janeiro, a produção das fábricas portuguesas cresceu 1% em fevereiro, com o maior contributo positivo a vir do setor da energia, que registou uma subida homóloga de 12,7%. Sem este, o índice total diminuiu -1,1%.
Os agrupamentos de bens de investimento e de bens intermédios registaram descidas de 4,2% e 0,8% (-3,1% e -0,8% no mês anterior), respetivamente.