Em 2031, dentro de pouco mais de dez anos, é bastante provável que a população portuguesa esteja já abaixo do limiar de 10 milhões. Olhando mais à distância no tempo, Portugal continuará a perder população durante as próximas décadas e, dos actuais 10,3 milhões, contará apenas 7,5 milhões em 2080.

A estimativa é do Instituto nacional de Estatísticas, que esta quarta-feira, 24 de Março, divulgou as suas projecções de População Residente para o período de 2015 a 2080. Basicamente, o país terá cada vez menos jovens e cada vez mais idosos.

Os primeiros (até aos 15 anos) diminuirão dos 1,5 milhões para os 0,9 milhões. E isso mesmo admitindo o INE que haverá aumentos no índice de fertilidade: é que, se por um lado isso acontece, por outro lado desde 2003 que há menos mulheres em idade fértil, o que impedirá o aumento do número de nascimentos e da população jovem.

No caso dos idosos - com 65 ou mais anos de idade – a tendência será a inversa. Mais uma vez numa projecção a 60 anos, o número de idosos passará de 2,1 para 2,8 milhões em 2080. Dessa forma, diz o INE, o índice de envelhecimento mais do que duplicará, passando de 147 idosos por cada 100 jovens em 2015, para os 317 idosos por cada 100 jovens em 2080.

O número de idosos, diz a projecção do INE, atingirá o valor mais elevado no final da década de 40, altura em que se atingirá alguma estabilidade e a população acima dos 65 anos passa a decrescer. Isso acontece, explicam os especialistas do INE, devido ao facto de "entrarem nesta faixa etária gerações de menor dimensão, nascidas já num contexto de níveis de fecundidade abaixo do limiar de substituição das gerações".

População activa também cai

Uma consequência desta evolução populacional é que a população em idade activa residente em Portugal – que o INE coloca entre os 15 e os 64 anos – desce quase para metade, de 6,7 milhões em 2015 para 3,8 milhões em 2080. Aliás, a população em idade activa poderá ficar  abaixo do limiar de 6,7 milhões (6 675 996) já em 2017, de 6,0 milhões (5 979 659) em 2032, de 5,0 milhões (4 983 068) em 2047, e do limiar de 4,0 milhões (3 983 644) em 2074.