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Poderá estar a austeridade a enfraquecer em Bruxelas?

Os sinais de que as políticas de austeridade estão paulatinamente a mudar são já vários.

Taxa Tobin só avança com adesão de todos os países da UE
22 de Abril de 2013 às 17:20
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A posição da Comissão Europeia em relação ao défice dos Estados-Membros tem-se tornado mais flexível nos últimos meses. A Alemanha, em concreto, parece estar a aceitar com resignação o relaxamento das metas do défice dos seus parceiros europeus. A conclusão é do FT, que adianta que os erros no estudo de Rogoff e Reinhart trouxeram o assunto para o debate.

 

A descoberta dos equívocos de Rogoff e Reinhart num dos seus estudos mais famosos – “Crescimento em tempo de dívida” –, que se constitui como uma das principais bases teóricas para a implementação de políticas de austeridade, trouxe de novo ao debate da esfera pública a questão das políticas de austeridade.

 

O Financial Times nota, na edição de hoje, que contrariamente ao que defenderam nos últimos anos, os decisores europeus têm-se mostrado recentemente mais flexíveis com os Estados-Membros e com a vontade de alguns países relaxarem as metas do défice em favor do crescimento económico. Mesmo a Alemanha tem mostrado pouca objecção nesta mudança de política. A questão que é agora levantada pelos analistas é se as políticas anti-austeridade podem estar em ascensão no seio da Comissão Europeia (CE).

 

“A rapidez da consolidação [orçamental] vai certamente ser mais reduzida agora”, afirma Guntram Wolff, economista na Bruegel, o “think thank” sediado em Bruxelas, citado pelo “Financial Times” (FT). “A CE já concordou com isso”, acrescenta.

 

O próprio comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, tem estado na vanguarda dos responsáveis europeus que defendem que o cumprimento cego das medidas é contra-produtivo, defendendo, por sua vez, que os países devem ser julgados pelos programas de liberalização económica que seguem.

 

Rehn, que várias vezes citou o estudo de Rogoff e Reinhart, revelou já, apesar de “citar o estudo como ilustrativo”, que o seu gabinete não estabelece políticas baseadas num só estudo. “Baseamos as nossas políticas numa avaliação holística que assenta em vários estudos, como também na nossa própria análise”, defende Rehn.

 

Os sinais de que as políticas de austeridade estão paulatinamente a mudar são já vários. O primeiro surgiu com a Grécia, quando lhe foi concedido mais dois anos para cumprir a meta do défice estabelecida em 3% do PIB. A Portugal foi concedido mais um ano.

 

A Itália, onde os mercados acompanham atentamente a situação política, foi dada luz verde para gastar 40 mil milhões de euros extra para pagar a fornecedores, apesar do risco de ultrapassar a barreira dos 3%.

 

França e Holanda, com um défice de 4,8% e 4,1% em 2012, respectivamente, vão falhar também a meta dos 3%. François Hollande afirmou já que o défice francês se deverá situar nos 3,7% em 2013, um valor que o Governo quer ver aprovado por Bruxelas em favor do crescimento económico. A propósito do anúncio do Governo francês, Angela Merkel considerou que a nova previsão não era novidade e que deixaria a cargo de Rehn a aprovação ou não da nova meta. Porém, a chanceler alemã insistiu que a França deve apresentar medidas concretas para atingir as metas fixadas a nível europeu para 2014, um sinal de que a Alemanha poderá aceitar a nova meta de França.

 

“Seria bom para a França começar com as reformas estruturais imediatamente, porque os impactos positivos das reformas demoram o seu tempo”, afirmou Michael Meister, porta-voz do partido de Merkel.

 

Também Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, apoiou a extensão dos prazos para Portugal, Grécia e Espanha. “As pessoas na Grécia, Portugal, Espanha e Itália, e agora em Chipre, estão a viver tempos difíceis”, afirmou o ministro no parlamento alemão durante a aprovação do resgate no valor de 10 mil milhões a Chipre.

 

“Fala-se muito hoje em dia sobre a austeridade”, afirmou já Angela Merkel. Contudo, o alto endividamento dos países da zona euro continua a ser uma preocupação para a chanceler. “Isso não é, claramente, bom a longo prazo”, assevera Merkel, citada pelo FT.

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