O Bloco de Esquerda criticou o Programa de Estabilidade do Governo por manter as políticas de austeridades sobre os trabalhadores, nomeadamente os da função pública, e ao mesmo tempo prever a redução da tributação sobre as empresas. Pedro Filipe Soares questionou por isso a ministra das Finanças: "Afinal, quem está de cofres cheios". 

O líder parlamentar aproveitou ainda por atirar uma farpar ao PS, que também apresentou medidas de redução dos custos das empresas com o trabalho, mas devolve os cortes salariais e a termina sobretaxa de IRC apenas dentro de dois anos: "Uns acham que deve ser a conta-gotas e os outros às pinguinhas", afirmou.

Mais tarde os bloquistas lembraram que em 2019, no final do horizonte de projecção do Governo, e mesmo com a devolução de salários, os funcionários receberão menos 15% que em 2009, devido aos efeitos da inflação.

Mariana Mortágua, também do Bloco de Esquerda, pediu ainda justificação ao Executivo para o facto de planear manter os cortes nos salários dos funcionários públicos, apesar do chumbo do Constitucional do ano passado que permitiu cortes apenas em situação de excepcionalidade – definida como estando sujeito a um procedimento por défices excessivos.

A ministra das Finanças defendeu que o País não tem condições para garantir uma devolução dos cortes salariais ou da sobretaxa, mas que o fará se tiver condições "com certeza que o faremos". Acrescentou ainda que apesar de prever sair da situação do PDE em 2015, se devolvesse os salários por completo acabaria por voltar a cair em défices excessivos. "Por e tirar salários, isso não é vida, senhora deputada", afirmou.