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Passos critica Governo por recusar auditoria externa ao Banif

Numa entrevista à SIC, o actual líder do PSD criticou a maioria parlamentar por recusar uma auditoria independente ao caso Banif. Passos Coelho elogiou ainda a "coragem" do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

O líder do PSD não pareceu estar disposto a aceitar uma solução que passe pela manutenção do actual Governo em gestão
Miguel Baltazar/Negócios
02 de Março de 2016 às 00:11
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O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho insistiu que o Banif não foi vendido pelo seu Governo por não ter havido um comprador disponível para comprar o banco "como ele estava" e considerou "grave e preocupante" a recusa do PS e da restante maioria parlamentar em aceitar a proposta do PSD para realizar uma auditoria externa e independente a este processo.

"A mim isso causa-me estranheza: se dizem que eu tenho responsabilidades nisto e não quererem a auditoria, dá impressão que quem tem alguma coisa a esconder não sou eu, é quem não quer que a auditoria se faça", afirmou Passos Coelho numa entrevista à SIC, no dia em que apresentou a sua moção de recandidatura à liderança do PSD.


"Carlos Costa é um homem corajoso"

Sobre a actuação do governador do Banco de Portugal, Passos Coelho elogiou Carlos Costa, criticado pelo actual primeiro-ministro, considerando-o "um homem corajoso". "Este governador, se calhar, não fez tudo bem, eu também não fiz tudo bem, mas o governador foi um homem corajoso que fez em momentos importantes intervenções que pouparam muito dinheiro aos contribuintes", afirmou o antigo líder do Governo, que disse gostar "muito de ver as coisas como elas são". 

Se o Novo Banco for vendido com prejuízo será o fundo de resolução suportado pelos bancos portugueses a arcar com ele, e não os contribuintes, o que só acontecerá em caso de uma nacionalização, alertou Pedro Passos Coelho. "Não se vende um banco como o Novo Banco a ameaçar com o cenário da nacionalização", destacou, questionando a necessidade de um novo banco à tutela do Estado. "O Estado precisa de mais algum banco, não tem a Caixa Geral de Depósitos? Há alguma razão estratégica para que os contribuintes suportem a compra de mais um banco que pode custar quase cinco mil milhões de euros?", lançou.

 

Sobre o Orçamento do Estado, Passos alertou para as dúvidas de várias instituições relativas ao cumprimento da proposta orçamental para 2016. "Se o Governo acredita que vai estar quatro anos a governar, por que razão está a correr tantos riscos para dizer que devolveu tudo num ano?", questionou o antigo primeiro-ministro, depois de ter dito que espera que o Governo cumpra as responsabilidades que assumiu com o país, ironizando no entanto a eficácia da estratégia orçamental do Governo. "Este é o ponto político que merece reflexão", acrescentou.


"Estive quatro anos no Parlamento a ouvir deputados a insultarem-me constantemente. Bom, às vezes saía porque é preciso ir ao quarto-de-banho", brincou o antigo primeiro-ministro.

Apesar das crispações, Passos não afasta um possível consenso com o Governo na Segurança Social, a que apelou antes das eleições, e diz estar "disponível para resolver os problemas do país, especialmente os mais importantes", reconhecendo legitimidade ao receio que alguns portugueses têm face à possibilidade de não receberem as pensões que esperam. O líder da oposição adiantou ainda que irá apresentar propostas sobre este tema no Parlamento.

 

Dívida portuguesa é pagável, afirma Passos

"Os 130% do PIB é um valor bruto, não está descontado o dinheiro que está depositado. Em termos líquidos anda perto de 120%", analisou Passos, sem esconder que "é um rácio elevado" - e "por isso é que devemos ser prudentes com as medidas orçamentais e dizer sempre aos nossos credores que estamos a ter cuidado, por isso é que não devemos correr riscos".


Segundo Passos, as pessoas que defendem a reestruturação da dívida "devem informar os portugueses com clareza sobre o que resulta dessa decisão". "Quem propõe reestruturações da dívida nestes termos tem de estar preparado para viver com o que tem. Viver com o que tem é viver sem défice. Não temos petróleo, não temos outras riquezas, como fazemos?", questionou.

 

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